O encontro para discutir o TAV vai se realizar de forma paralela à 36ª Reunião da Comissão Mista de Cooperação Econômica Brasil-Alemanha e ao 27º Encontro Empresarial entre os dois países, que será encerrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em segmentos do governo brasileiro, existe a percepção de que o TAV pode representar o início de nova parceria tecnológica entre Brasil e Alemanha. O projeto está orçado em US$ 17 bilhões e, segundo projeções, poderá ter uma primeira fase pronta para operar na Copa do Mundo de 2014.
O objetivo é fazer com que a Alemanha volte a ter participação "estruturante" na economia brasileira, disse uma fonte do governo. A Alemanha foi parceiro estratégico do Brasil antes da Segunda Guerra - quando as Forças Armadas davam preferência ao armamento alemão -, nas décadas de 50 e 60 do século passado, período marcado pelo desenvolvimento da indústria automobilística no país, e nos anos 70, fase da assinatura do acordo nuclear Brasil-Alemanha.
Agora tenta-se fazer com que a participação alemã em investimentos no Brasil retorne a um nível semelhante ao do passado. A meta é atrair os alemães para uma parceria tecnológica que agregue valor aos produtos brasileiros e que permita aos alemães participarem dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da Copa de 2014.
A avaliação da diplomacia brasileira é de que há um leque de oportunidades para as empresas alemãs no Brasil em setores em que a Alemanha tem tradição e capacidade tecnológica, incluindo ferrovias, rodovias, portos e aeroportos, segmentos que fazem parte do PAC. Em Vitória, no encontro empresarial, os alemães deram muita ênfase às possibilidades de negócios com a Copa. Mas o governo brasileiro quer mostrar à Alemanha as oportunidades que existem no PAC. "Achamos que este é o momento certo de investir no Brasil", disse Werner Schnappauf, diretor-geral da Confederação das Indústrias Alemãs (BDI).
Na reunião de hoje da comissão mista de cooperação, da qual participam governos e representantes do setor privado, outros temas, além das parcerias estratégicas, devem entrar em pauta. O Brasil deve cobrar dos alemães uma posição sobre o regime de cotas e de representatividade em organismos multilaterais como Banco Mundial (Bird) e Fundo Monetário Internacional (FMI). Os alemães, por sua vez, parecem interessados em retomar as discussões sobre um acordo para evitar a bitributação.
Foi a Alemanha que "denunciou" o acordo, lembrou um diplomata. O governo brasileiro está disposto a negociar novo acordo, mas ele depende de proposta do Ministério das Finanças da Alemanha, que não enviou representantes para a reunião em Vitória.
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