As enchentes do Nordeste provocaram prejuízos na economia da região, levaram o governo a editar uma medida provisória liberando recursos extras para os Estados mais afetados pelas cheias, mas não resultaram, por enquanto, em atrasos nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os três principais ministérios envolvidos no programa de obras do governo federal - Minas e Energia, Integração Nacional e Transportes - confirmaram que não há preocupação quanto ao cronograma de entrega das obras.
No caso da Integração Nacional, o ministro Geddel Vieira Lima informou que a principal obra - a transposição do rio São Francisco - segue com a mesma previsão de conclusão. "Tivemos, evidentemente, uma diminuição no ritmo dos trabalhos por uma semana, devido às fortes chuvas. Mas nada que comprometa o nosso planejamento", disse Geddel. Os principais problemas ocorreram na remoção das matas ciliares, na recuperação das encostas e na dragagem do rio.
No caso das rodovias, também há pouco com o que se preocupar, de acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O coordenador geral de construção rodoviária, Luis Munhoz, afirmou que seguem em ritmo normais as principais obras do PAC vinculadas à pasta. Entre elas, estão, no Maranhão, o prolongamento da BR 135 que leva ao Porto de Itaqui; a pavimentação e conservação da mesma rodovia no trecho que corta o Piauí; e as obras na BR 101 Nordeste, que passa pelo Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. "Estas obras estão em locais de fortes chuvas, mas não foram atingidas pelas enchentes", afirmou Munhoz.
Na área de Minas e Energia, o quadro é o mesmo. Segundo técnicos do ministério, apesar das fortes chuvas no Nordeste, não existem razões para preocupação com as obras do PAC. As principais obras na região são a Usina Hidrelétrica de Estreito, que pertence ao grupo Suez e está localizada na divisa dos Estados do Maranhão e Piauí. Ainda em território maranhense, está localizada a Termomaranhão, que será uma das maiores do país e pertence ao grupo do empresário Eike Batista. Duas outras obras ainda estão na fase de projeto: as usinas hidrelétricas de Ribeiro Gonçalves (PI) e Riacho Seco (BA).
O fato de não ter prejudicado diretamente as obras do PAC não significa que as enchentes na região não estejam sendo acompanhadas de perto pelo governo federal. Estimativas do Ministério da Integração Nacional - à qual está vinculada a Secretaria Nacional de Defesa Civil - apontam 376 mil pessoas prejudicadas pelas enchentes, entre desalojados (que não podem voltar para casa, mas podem ficar com parentes ou conhecidos); desabrigados (que estão em abrigos montados pelas prefeituras) e deslocados (pessoas obrigadas a mudar de moradia após perderem tudo).
Na quinta, o governo publicou uma medida provisória liberando R$ 880 milhões para os estados nordestinos mais prejudicados com as chuvas. Deste total, R$ 150 milhões serão destinados à obras de prevenção, como recuperação de barragens e contenção de encostas. Outros R$ 60 milhões vão para compras de mantimentos (alimentos e gêneros de primeira necessidade), medicamentos, colchões e cobertores; e R$ 670 milhões para obras posteriores, como recuperação de estradas.
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