A Câmara dos Deputados deve analisar, após a votação da reforma
trabalhista, um projeto de lei do presidente da bancada ruralista,
deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), que permitirá que empresas paguem o
trabalhador rural com "remuneração de qualquer espécie", segundo o Valor
Econômico.
Na prática, o PL 6442/2016 propõe que o
trabalhador rural perca o direito de ser receber sua remuneração
exclusivamente em dinheiro e que o patrão possa substituir o pagamento
de salário em espécie por comida ou habitação (parte da produção e
concessão de terras).
No texto do PL, Nilson Leitão
argumenta que “as leis brasileiras e, ainda mais, os regulamentos
expedidos por órgãos como o Ministério do Trabalho, são elaborados com
fundamento nos conhecimentos adquiridos no meio urbano, desprezando usos
e costumes e, de forma geral, a cultura do campo”.
Na
justificativa, o parlamentar afirma, ainda, que a Lei nº 5889 - que
regula o trabalho rural - já tem mais de 40 anos e sofreu poucas
alterações. “Nestes termos, no intuito de prestigiar esse tão importante
setor da economia brasileiro fomentando sua modernização e
desenvolvimento; o aumento dos lucros e redução de custos e; gerar novos
postos de trabalho, é que se propõe a alteração da Lei n.º 5.889/73”,
conclui o texto.
O texto prevê, também, jornadas de até
12 horas e permissão de trabalho contínuo por até 18 dias, permitindo,
na prática, o fim do descanso semanal. A venda integral das férias
também passa a ser permitida para trabalhadores que residirem no local
de trabalho.
Caso o PL seja aprovado, os empresários
ficarão também desobrigados de fornecer aos empregados condições
salubres para o exercício de suas atividades, equipamentos de segurança
que garantam a integridade física do trabalhador e de cumprir normas
sanitárias para o uso de defensivos agrícolas e fertilizantes. Veja a íntegra do Projeto de Lei
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