sábado, 16 de maio de 2009

Classe média não é afetada, diz Dilma


A ministra Dilma disse que, o objetivo de tributação da poupança é evitar migração de grandes investimentos para a aplicação

Meirelles afirma que, se Congresso não aprovar o IR sobre saldos da caderneta acima de R$ 50 mil, queda nos juros será limitada

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmou ontem que a decisão de tributar os rendimentos da caderneta de poupança pelo IR não atinge a classe média. Segundo ela, quem insiste nessa questão tenta "encobrir" o fato de que grandes investimentos, "do montante de R$ 1 bilhão", estavam se deslocando para a poupança.

"Então vamos bem botar os pingos nos "is". Não é bem a classe média, não [que será afetada]. O objetivo dessa medida é impedir os volumes de investimento que estavam se deslocando para a poupança. Não vamos acreditar em conto de fada, né?", afirmou a ministra em entrevista na Base Aérea, onde foi se despedir do presidente Lula, que viajou para o exterior.

Pela proposta do governo, a tributação do rendimento das cadernetas de poupança com saldo acima de R$ 50 mil entrará em vigor, se aprovada pelo Congresso Nacional, somente em janeiro do próximo ano.

O objetivo da medida, cujo impacto político preocupa deputados de partidos da base aliada, é evitar a migração de recursos dos fundos de investimento para a caderneta, que passou a ter um rendimento maior com a queda dos juros.

Segundo Dilma, esse movimento de migração de grandes somas para a poupança não foi identificado apenas pelo governo, mas também por analistas e especialistas do mercado. "O setor financeiro inteirinho tem conhecimento dele, os analistas para que vocês pedem opinião sabem disso, vários especialistas apontaram isso", disse, acrescentando: "Não podemos distorcer essa questão [de que a classe média foi atingida]. O que está sendo evitado é que o que seja investimento, ou inversão financeira, beneficie-se da condição de poupança". E ironizou: "Classe média no Brasil que tenha acima de R$ 50 mil, tira nós todos aqui".

A tributação da poupança foi criticada pela oposição, que argumenta que a medida poderá prejudicar a classe média. Além disso, os partidos oposicionistas tentam associar a medida ao confisco feito em 1990 pelo ex-presidente Fernando Collor. Questionada se o governo não adotou critérios mais abrangentes nas mudanças na poupança por temer repercussões eleitorais, Dilma, pré-candidata do PT às eleições de 2010, respondeu que o governo foi "cauteloso como é em tudo".

A ministra confirmou que o governo fará uma campanha para "esclarecer as pessoas" sobre as novas regras da poupança, "para não ficar naquele diz que diz". "Quanto mais esclarecida a população, melhor."


Meirelles

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem, no Rio, que, se o Congresso não aprovar a tributação da caderneta, a abrangência da política monetária será menor e a possibilidade de queda da taxa de juros ficará limitada. "Não há dúvida que, se existem rendimentos mínimos para aplicações em determinados instrumentos [financeiros, como a poupança], isso oferece limitadores para a queda continuada da taxa de juros no país."

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