O Presidente Lula começou a chamar petistas para ajudar na formatação da candidatura e na campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a presidente da República, nas eleições de 2010. Na noite de terça-feira, Lula tratou da candidatura Dilma com dois ex-prefeitos do PT vitoriosos nas eleições nas capitais que governavam - João Paulo, do Recife (PE), e Fernando Pimentel, de Belo Horizonte (MG) - e Marta Suplicy, que disputou a Prefeitura de São Paulo.
Dos três, pelo menos um deve se tornar ministro de Lula: Fernando Pimentel.Pimentel passará a fazer em apoio à candidatura de Dilma, sua amiga e companheira de luta armada nos chamados anos de chumbo. Neste caso, Lula pode contornar um ministério tradicional, onde a burocracia ocupa muito tempo do ministro, e optar pela presidência do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Mas não há nada decidido, nem Lula tem demonstrado muita disposição em mexer no ministério. De qualquer forma, ele só pretende tratar desse assunto após as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, marcadas para 2 de fevereiro. É agenda praticamente inevitável até porque os próprios partidos estão interessados em rever e discutir com Lula sua participação no governo federal. O PMDB, por exemplo, só considera seus dois dos seis ministros filiados ao partido: Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e Edison Lobão (Minas e Energia), que faz parte da cota de Sarney no governo.
O Presidente fará outras reuniões com os petistas. Na noite de terça-feira ele primeiro conversou com Marta, Pimentel e João Paulo. Depois teve um encontro a sós com Pimentel. Na conversa com os três, o presidente se estendeu na discussão sobre o formato mais adequado para a candidatura Dilma. Disse que o nome da ministra estava consolidado e que contava com a colaboração dos três na empreitada.
Na percepção de alguns presentes, Lula demonstrou especial consideração com Marta Suplicy, o que foi considerado normal, pois a ex-prefeita é atualmente o principal nome do PT de São Paulo e lidera um grupo forte no PT paulista que ainda fala na possibilidade de ela vir a ser a candidata do partido ao lugar de Lula. Lula disse que ela vai ter um papel muito importante na campanha de Dilma Rousseff, mas não disse qual. Outras fontes ligadas ao Presidente disseram que dificilmente Marta voltará ao ministério - ela saiu para disputar a Prefeitura de São Paulo sem nenhum compromisso de Lula com uma eventual volta da ex-ministra (Turismo) a Brasília.
Lula está preocupado com a armação dos palanques regionais de Dilma Rousseff. Um dos problemas à vista é Pernambuco, onde João Paulo deixou a Prefeitura do Recife muito bem avaliado, elegeu o sucessor e se tornou a principal alternativa do partido para o governo do Estado. Ocorre que o governador Eduardo Campos (PSB), um dos mais próximos aliados de Lula, é candidato à reeleição. Uma das possibilidades em discussão é João Paulo se candidatar a uma das duas vagas que serão disputadas para o Senado.
O próprio João Paulo, segundo interlocutores do presidente da República, tem repetido que não será problema para uma composição da base do governo em Pernambuco. "Sou um soldado do presidente" é a frase recorrente do ex-prefeito, segundo esses interlocutores. O Senado viria ao encontro de um projeto que integrantes da base aliada asseguram ter ouvido de Lula: o presidente quer eleger 27 senadores, em 2010 (um em cada Estado e no Distrito Federal), e assim evitar que Dilma tenha os mesmos problemas que ele teve com aquela Casa, onde sofreu suas principais derrotas no governo.
O presidente também disse aos três ex-prefeitos que vai lançar um pacote de investimentos assim que a Fifa definir quais serão as capitais que vão sediar a Copa do Mundo de 2014. Ele espera contar, nesse plano, com a experiência de cada um deles na administração das cidades.
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