A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, desistiu de participar do Fórum de Davos, que representaria um palco de apresentação para a elite econômica e política internacional, no momento em que crescem as articulações para a eleição presidencial do ano que vem e as especulações sobre sua possível candidatura à Presidência.
"A ministra confirmou, mas desistiu recentemente", contou um dos diretores do fórum, Berge Brende, lamentando a ausência da "potencial candidata" do PT. A indicação é de que cresce o interesse de grandes executivos estrangeiros em entender o que pensa a provável futura candidata a dirigir a maior economia da América Latina.
A ausência de Dilma no Fórum de Davos, na opinião de assessores palacianos, tem uma justificativa política e outra econômica. No campo político, a ministra estaria mantendo a estratégia de não se apresentar como candidata do PT porque ainda não houve a oficialização do seu nome. Desta forma, ela não gostaria de gerar expectativas antes que os fatos políticos se consumassem. "Se ela for de fato candidata à Presidência, o momento de ela participar de Davos é 2010, não agora", afirmou um assessor.
Do ponto de vista econômico, a ausência é amparada na incerteza quanto ao futuro. Na avaliação do governo, o Brasil vem conseguindo amenizar os efeitos de uma crise que, na Europa e nos Estados Unidos, está "ceifando vidas", como comparou um aliado. Mas nada assegura que o país esteja imune à crise. "Como ela vai vender uma imagem econômica do Brasil correndo o risco de ser desmentida daqui a 60 dias? Seria arriscar-se à toa", observou uma fonte.
O fórum aguardou também por um bom tempo a confirmação do Presidente Lula, que afinal não veio. Comentários atribuídos ao Planalto, de que Lula não viria porque julgava que o fórum estimularia o tipo de comportamento dos que provocaram a crise, chegaram a surpreender. "Ele já veio três vezes e agora diz isso", comentou um alto funcionário do fórum. Estão confirmados o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles e o ministro Celso Amorim.
Oficialmente, o presidente do Fórum Mundial de Economia, Klaus Schwab, minimiza a ausência de Lula, insistindo que trabalha "estreitamente" com o presidente brasileiro em torno do fórum regional da América Latina, que ocorrerá em abril no Rio de Janeiro.
O fórum, que será realizado na semana que vem, terá participação recorde de mil representantes do mundo econômico, mais de 40 chefes de Estado e de governo e 36 ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais, para "desenhar o mundo pós-crise", pelo título dado pelos organizadores.
A discussão vai se articular em torno de questões como governar o mundo após a crise e qual a nova ordem para os mercados financeiros. Sobretudo, Davos quer se livrar de qualquer acusação de ter dado todo o espaço para executivos que hoje são acusados de terem pensado só na corrida máxima ao lucro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Nota do moderador: Comentários preconceituosos, racistas e homofóbicos, assim como manifestações de intolerância religiosa, xingamentos, ofensas entre leitores, contra o blogueiro e a publicação não serão reproduzidos. Não é permitido postar vídeos e links. Os textos devem ter relação com o tema do post. Não serão publicados textos escritos inteiramente em letras maiúsculas. Os comentários reproduzidos não refletem a linha editorial do blog