O encontro definiu pelo apoio à eleição de Dilma Rousseff, para prosseguir no aprofundamento do ciclo de mudanças iniciados nos dois mandatos do presidente Lula.
O evento reuniu representantes de 15 estados brasileiros. A Unegro também se posicionou contrária à política de repressão dos movimentos sociais e ampliação da desigualdade, presentes no projeto político neoliberal da coligação demo-tucana do candidato José Serra.
Leia abaixo a íntegra do documento:
Carta de São Paulo
Nos seus vinte e dois anos de existência a Unegro vem pautando sua atuação no combate ao racismo em todas as suas formas de manifestação, particularmente as ações sistêmicas que impedem o usufruto pleno dos direitos de cidadania. A entidade expandiu-se e hoje está organizada em vinte e cinco estados. Consolidou-se como uma das principais alternativas de luta da população negra contra as opressões de raça, gênero e classe, sempre em harmonia aos princípios de sua fundação.
Uma das faces dessa luta é a superação do Estado Mínimo, parte integrante do processo de mundialização do capital sem as barreiras dos outrora fortes Estados Nacionais. A face mais cruel dessa globalização, conforme defendia o geógrafo Milton Santos, é a perversidade com que trata as populações pobres, não brancas e de países periféricos em todo o mundo. O neoliberalismo intensifica o racismo, as exclusões, renova disparidades, cria novas desigualdades, esmaga as realidades nacionais.
Por estes motivos, a Unegro sempre foi parte da trincheira de resistência global aos ataques do capitalismo neoliberal nas diversas nações sul-americanas e africanas. No Brasil, sempre organizou a população negra na criação de alternativas a este perverso projeto.
Assim, iniciamos com a eleição de Lula em 2002, um novo ciclo de mudanças no país que redefiniu o papel do Estado, agora não mais mínimo, para o atendimento às demandas da população represadas por mais de uma década.
Começou a ser delineado um projeto de desenvolvimento nacional centrado no
crescimento econômico associado à distribuição de renda, na diminuição da pobreza e elevação dos mais pobres às classes consumidoras. Conseguimos também, construir uma Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial, implementar o Prouni, regularizar e titular dezenas de comunidades remanescentes de quilombos e aprovar instrumentos como Estatuto da Igualdade Racial que consolida nossas demandas como políticas de Estado.
Entretanto, esse projeto pode ser ameaçado com a eleição do PSDB/DEM, herdeiros da Era FHC, e das forças políticas comprometidas com o capital financeiro e defensoras da criminalização da juventude através da redução da maioridade penal e do extermínio físico deste segmento. A experiência do PSDB/DEM no estado de São Paulo demonstra esta linha política. São ferrenhos defensores da terceirização das ações sociais do Estado, transformando-as em instrumentos de repasse de verbas públicas para instituições privadas, aprofundaram a falência da educação pública, reprimiram os movimentos sociais com extrema violência.
Cientes dos desafios postos no cenário eleitoral estamos convictos de que precisamos avançar ainda mais nas conquistas para a população negra, realizar transformações estruturais necessárias à superação do racismo e das desigualdades sociais, aprofundar os mecanismos de participação democrática da população. Dessa forma, a Unegro resguardada sua autonomia como entidade suprapartidária do movimento negro aponta o grande perigo representado pela eleição de um candidato representante do projeto neoliberal capitaneado pela coligação PSDB/DEM, e defende a eleição de Dilma como a primeira mulher presidente da República para aprofundar o ciclo de mudanças iniciados nos dois mandatos da Era Lula.
Como herdeiros de Zumbi e Dandara, acreditamos e lutamos por um mundo onde não haja exploradores e explorados, nem senhores e nem escravos. E isto se faz com rebeldia.
Rebele-se contra o racismo!
4ª Plenária Nacional da Unegro – Nelson Mandela
São Paulo, 18 de julho de 2010
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