A primeira unidade de pronto atendimento (UPA) do Distrito Federal abriu as portas ontem, em Samambaia. No local, serão atendidos casos de média complexidade com o objetivo de desafogar os hospitais. A meta do governo é conseguir realizar 500 atendimentos por dia. A UPA funciona 24 horas e é resultado de uma parceria firmada entre o Governo do DF e o Ministério da Saúde. O custo total da unidade foi de R$ 3 milhões — R$ 2,6 milhões do governo federal para a construção e R$ 400 mil para a reforma (leia Memória) do que foi depredado enquanto a instalação permaneceu desativada por um ano.
A cerimônia de inauguração foi comandada pelo governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e contou com a presença do primeiro e do segundo escalões do governo. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também prestigiou o evento. “A melhor forma de acabar com as filas nos hospitais, às vezes, não é colocar mais médicos ou remédios no pronto-socorro. A melhor forma é organizar a UPA e a atenção básica”, destacou Padilha. O governador celebrou o acordo com o Ministério da Saúde. “É com a parceria com o governo federal é que vamos resgatar a Saúde do DF”.
As UPAs são encaradas por Agnelo como o “início da mudança no modelo de assistência à saúde”. Na prática, ela presta serviços intermediários entre o centro de saúde e o hospital. “Não será preciso ir ao pronto-socorro para disputar o espaço com o paciente em estado grave. Aqui se resolvem 90% do casos. Os mais graves vão ser encaminhados ao hospital”, garantiu o governador. A unidade de Samambaia é uma UPA de porte III, considerada a mais equipada e com maior capacidade de atendimento.
Modelos III são construídos em áreas com população flutuante entre 200 mil e 300 mil habitantes (leia Para saber mais). “A UPA servirá para complementar os pronto-socorros, que hoje, infelizmente, não funcionam como deveriam”, disse o secretário de Saúde, Rafael Barbosa. Os serviços custarão R$ 1,2 milhão por mês. Ao GDF, o ônus será de R$ 950 mil. O Ministério da Saúde repassará mensalmente R$ 250 mil.
As instalações que foram pichadas em 2010 passaram por uma reforma e estão bem equipadas
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tem um papel fundamental para que a UPA cumpra seu papel de condutora do fluxo de atendimento. Primeiro, na avaliação do paciente envolvido em um chamado de urgência. Segundo, no transporte da pessoa que, após passar pela triagem, for encaminhada ao hospital. “Haverá uma ambulância na porta, preparada para fazer isso”, disse Agnelo.
Diretor de Atenção a Urgências e Emergências da Secretaria de Saúde, Ayrton Barroso, afirma que “a UPA não será a solução do sistema de saúde, mas ajuda a organizar a rede e obter um fluxo melhor, maior resolutividade dos casos e melhor utilização dos recursos”.
Remanejamento
Para atingir a meta de 500 atendimentos por dia, a unidade precisa de 250 profissionais de saúde. Para isso, foi preciso remanejar servidores de outras regionais e do Hospital Regional de Samambaia e também oferecer uma gratificação aos profissionais que aumentassem a carga trabalhada de 20 para 40 horas semanais. O quadro, garante o secretário de Saúde, está completo. Barbosa descartou a possibilidade de desfalques ou fechamento de alas, como a pediatria no HRS. “Os hospitais têm que estar preparados para atender as emergências graves. Eles servem de retaguarda. Não haverá fechamento de nenhuma ala”, afirmou.
A dona de casa Tânia Alves da Silva, 38 anos, mora ao lado da UPA e chegou a trabalhar na limpeza da unidade. Mãe de dois filhos, Ronaldo, 1 ano, e Igor, 7 anos, ela gostou do que viu. “Para mim, será muito bom, em especial para as crianças. Hoje, os hospitais não têm a menor condição. Mas tem que ter bom atendimento para dar certo”, avalia.
No entanto, o pleno funcionamento das outras três unidades com abertura prevista para esse semestre — a próxima será a do Recanto das Emas, na primeira quinzena de março — depende da realização do concurso que ampliará o quadro da Secretaria de Saúde em 11,7 mil servidores. “O edital será publicado ainda nessa semana”, explicou Agnelo. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, aproveitou a ocasião para anunciar que as obras das outras 13 UPAs estão garantidas. “Já estão garantidos, dentro do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) II, os recursos para fazermos 14 UPAs em parceria com o GDF”, afirmou. As unidades do Núcleo Bandeirante, de São Sebastião e Recanto das Emas estão prontas e também precisaram passar por reformas. A UPA de Samambaia está sob a batuta da Secretaria de Saúde, mas Barbosa não descarta o modelo de gestão compartilhada com outras entidades.
Ajuda aos profissionais
» O ministro Alexandre Padilha destacou o projeto de Telemedicina nas UPAs, cuja tecnologia desempenhará um papel fundamental na troca de informações entre profissionais da saúde sobre os quadros clínicos dos pacientes. A ideia é criar um sistema integrado de comunicação que permita, por exemplo, que o médico de um centro de saúde discuta, pelo computador, com o colega da UPA o caso de um paciente para saber qual o nível de complexidade do problema e qual serviço de saúde — centro, UPA ou hospital — é mais adequado para o atendimento. Correio
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