Rodrigo Maia pede ajuda ao mineiro para se defender, dentro do partido, das investidas promovidas por ala serrista liderada por Gilberto Kassab
A disputa entre tucanos do grupo do senador eleito Aécio Neves (MG) e a ala ligada ao candidato derrotado José Serra ultrapassou os limites do PSDB e chegou ao DEM. Para vencer a guerra interna com a ala comandada pelo prefeito Gilberto Kassab e o ex-presidente do partido Jorge Bornhausen, o grupo do atual presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), tenta se escudar em Aécio. Mas não houve confronto na reunião de ontem da Executiva Nacional.
Líder da ala serrista do DEM, Kassab desembarcou em Brasília disposto a enfrentar Maia no voto, na reunião dos dirigentes do partido. Maia manobrou para manter-se no comando por no mínimo mais três meses. Até lá, ninguém sai do partido. Nem Kassab.
Na prática, a disputa foi remarcada para 15 de março, data da convenção nacional extraordinária convocada pelo próprio Maia. Foi a saída que lhe permitiu ganhar tempo para mobilizar aliados e então eleger a nova Executiva Nacional Provisória, que tratará do calendário das convenções municipais e estadual e da sucessão no comando do partido.
Não por acaso, o braço direito de Maia no DEM, deputado ACM Neto (BA), foi buscar Aécio no aeroporto em Brasília, na noite de terça-feira. Também não foi à toa que Aécio passou pelo gabinete da presidência do DEM para cumprimentar Maia. Mas teve a cautela de fazer um gesto ao grupo de Kassab, para mostrar que não quer entrar em briga de vizinho.
O líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), estava na presidência do partido quando Aécio foi até lá pregando a unidade para não fragilizar o conjunto da oposição. Ontem de manhã, foi brindado com um telefonema do mineiro, com um discurso de pacificação e a indagação sobre se haveria ou não massacre a Maia na Executiva. Respondeu que a ideia era tentar um acordo.
O grupo de Bornhausen e Kassab queria ter definido as convenções ontem, mas não conseguiu. Maia abriu e encerrou a reunião da Executiva em apenas cinco minutos, tempo mais que suficiente para anunciar sua decisão e surpreender Bornhausen e Kassab.
"Como havia uma divisão aguda no partido e nenhum calendário atendia aos dois lados, resolvi convocar a convenção extraordinária para que ela possa decidir de forma soberana", explicou Maia, dizendo que fazia um gesto em favor da unidade. Em entrevista no fim da reunião, fez questão de criticar Serra.
"Quando o candidato a presidente vai mal no primeiro turno, ele desmonta todo o quebra-cabeça nos Estados", afirmou, em queixa velada pela derrota de seu pai Cesar Maia (DEM-RJ) na disputa pelo Senado. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), reagiu. "José Serra fez grande esforço pela vitória da oposição."Estado
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