Índice calculado pelo BC aponta estabilidade em um patamar alto; crescimento em 12 meses está acima da projeção de 7,3%
A economia brasileira ficou estabilizada pelo quinto mês consecutivo. Foi o que mostrou o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado ontem pelo BC. O indicador busca antecipar os dados sobre o comportamento da economia que serão divulgados com muita defasagem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em agosto, o IBC-Br ficou em 139,12 pontos (em número-índice com base 100), ante 139,13 pontos em julho. No trimestre encerrado em agosto, em comparação com os três meses terminados em julho, houve uma expansão de apenas 0,03%, ou seja, também uma relativa estabilidade.
Mas os dados desse indicador, que é observado com grande atenção não só pelo mercado como também pela diretoria do BC que define a taxa básica de juros da economia, mostram que a acomodação da atividade ocorre em um nível relativamente elevado.
Isso pode ser observado de diversas formas, entre elas a alta média de 7,5% de crescimento no período acumulado em 12 meses ou a elevação de 6,43% na comparação entre agosto de 2010 com agosto de 2009.
O resultado do IBC-Br em 12 meses está ligeiramente acima da projeção de alta de 7,3% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2010.
Na avaliação da autoridade monetária, os números do IBC-Br corroboram o cenário que vinha sendo traçado pelo BC de acomodação econômica e eliminação do descompasso entre o ritmo de crescimento da oferta de bens e serviços e a demanda na economia.
A expectativa na área técnica do Banco Central é de uma aceleração da atividade neste fim de ano, mas em um ritmo adequado à capacidade do País.
Para o economista-chefe do banco Schahin, Silvio Campos Neto, os números mostram que realmente a economia se estabilizou. Mas ele chamou atenção para uma aparente contradição entre os dados que mostram a demanda interna "vigorosa", com consumo forte, e os dados do IBC indicando crescimento baixo, próximo de zero no terceiro trimestre.
Segundo ele, uma explicação para isso é o comportamento da produção industrial. "A indústria está andando de lado", disse Campos Neto, explicando que o atendimento ao crescente consumo dos brasileiros tem sido feito pelas importações, enquanto as exportações industriais têm patinado por causa do fraco ritmo da economia mundial.
"Vazamento externo". É o chamado "vazamento externo", que significa que o Produto Interno Bruto tem perda quando as importações crescem mais rapidamente que as exportações. Em outras palavras, o Brasil tem gerado empregos industriais lá fora.
Embora reconheça que o câmbio valorizado tenha um efeito negativo sobre a indústria, o economista ressaltou que não se pode jogar a conta do ritmo mais fraco desse segmento no real valorizado.
"O câmbio reflete uma situação ampla da economia. Mas a questão é mais ampla, envolve a competitividade da economia brasileira e seus problemas como carga tributária e custos trabalhistas elevados, burocracia excessiva, entre outros", afirmou.
De qualquer forma, ele avalia que o comportamento estável da atividade econômica nos últimos meses, evidenciado no indicador do Banco Central, é um dos fatores determinantes para a decisão de manter a taxa Selic em 10,75% ao ano, que era amplamente antecipada pelo mercado Valor Economico
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