No segundo turno da disputa presidencial, o PV, seus dirigentes e os eleitores de Marina Silva se dividiram. O partido e a candidata que recebeu 19,6 milhões de votos nas urnas assumiram uma posição independente e não se engajaram na campanha do PT nem do PSDB. Livres para escolher um candidato, 15 dos 27 diretórios do PV optaram pela candidatura petista, de Dilma Rousseff, e 7 pelo tucano José Serra. Já os eleitores de Marina tendem a aderir majoritariamente à candidatura tucana, de José Serra, segundo o Datafolha. De acordo com o instituto de pesquisa, 60% dos eleitores que votaram no PV no primeiro turno disseram que votarão no tucano no domingo, na contagem das intenções de votos válidos.
Marina e seu partido levaram duas semanas após o primeiro turno para definir não declarar apoio a nenhum dos candidatos no segundo turno. A candidata entregou a Dilma e Serra um documento com 43 propostas e obteve acenos tanto do PT quanto do PSDB, mas não recebeu garantias de compromisso com os pedidos. O programa de governo de Dilma passou ao largo das propostas do PV e Serra ainda não apresentou oficialmente seu programa.
Com a decisão do comando nacional do PV de manter-se independente, dirigentes em todo o país fizeram suas escolhas. O apoio da máquina partidária a Dilma e a Serra segue a tendência de voto dos candidatos no primeiro turno. A petista tem a preferência de quase todos os diretórios do Nordeste, enquanto a maior adesão ao tucano está no Centro-Oeste.
O Valor ouviu presidentes, coordenadores regionais e lideranças do PV em todos os 26 diretórios estaduais e o no Distrito Federal. O balanço do apoio às candidaturas revela a predileção por Dilma.
O primeiro diretório a declarar apoio a um dos candidatos foi o do Paraná, que optou por Dilma. Historicamente sempre estivemos do lado do PT. Não tem como apoiar Serra, diz o presidente do PV estadual, Antonio Jorge Melo Viana. No Estado o partido tem cerca de 20 mil filiados. No Rio Grande do Norte, a presidente do PV e prefeita da capital, Micarla de Sousa, que apoiou Rosalba Ciarlini (DEM) na disputa estadual e Agripino Maia (DEM) na campanha pelo Senado no primeiro turno, está agora com o PT na corrida presidencial. No Distrito Federal, o PV optou por apoiar o candidato Agnelo Queiroz (PT) na disputa pelo governo e, assim, decidiu aderir à campanha de Dilma. Marina venceu Dilma e Serra no DF no primeiro turno.
As condições impostas pelo diretório nacional do PV aos estaduais foram a de não usar símbolos partidários na campanha presidencial do segundo turno, nem declarar voto em nome da sigla. No Espírito Santo, o diretório achou uma forma de driblar as proibições ao engajar-se na campanha de Dilma. Os dirigentes fizeram adesivos verdes com a frase Agora é 13, sem citar o PV, e a presidente do estadual, Cidineia Maria Fontana, pediu licença do cargo para ir às ruas defender a petista.
Em Rondônia, os dirigentes decidiram por apoiar Serra. Segundo o presidente do diretório estadual, Antenor Kloch, o partido não tem boa relação com o PT no Estado. Não é um voto ideológico, mas sim de rejeição ao PT, diz. O país está no rumo certo, afirma. O tucano foi vitorioso no primeiro turno em Rondônia e Marina obteve uma de suas menores votações percentuais no país , 12%. Nossa cultura é pelo desmatamento e há muitas críticas sobre a política ambiental, comenta Kloch.
No Rio e em São Paulo, dois expoentes do PV, o deputado Fernando Gabeira (RJ) e Fabio Feldman, candidato derrotado ao governo paulista, declararam voto em Serra. A tendência dos dirigentes dos dois Estados é seguir esse apoio. Os dois diretórios são representativos tanto pelo número de filiados, como pela força política.
Em cinco Estados, não houve consenso. Nesses casos, o comando partidário estadual declarou-se neutro ou está dividido entre os candidatos. No Amazonas, o presidente do diretório estadual, prefeito Angelo Figueira, e seu grupo político apoiam Serra, mas o restante do diretório está com Dilma. No Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul, a decisão foi de seguir a orientação do nacional e mantiveram-se independentes. O partido está dividido e escolhemos não declarar voto, diz Marivaine Alencastro, presidente do PV-RS.
A exemplo dos diretórios estaduais, a bancada do partido na Câmara, apoia a petista, apesar de ter também apoiadores de Serra. Majoritariamente governista, tem nomes de peso ao lado de Dilma, como o deputado José Sarney Filho (MA). A divisão das preferências, no entanto, pode ser exemplificada com dois parlamentares da Bahia: o líder do partido na Câmara, Edson Duarte, está com a candidata do PT, mas Luiz Bassuma, derrotado na disputa deste ano pelo governo baiano, deve votar em Serra.
O apoio dos eleitores que votaram em Marina no primeiro turno parece seguir um rumo diferente. De acordo com o Datafolha de 26 de outubro, 44% disseram que preferem o tucano e 30% a petista. O número de indecisos e dos que declararam voto nulo ou em branco ainda é grande e corresponde a 26% dos eleitores. Nos votos válidos, isto é, sem as intenções de voto em branco, nulo e os indecisos, o placar fica 60% para Serra e 40% para Dilma.
Entre os eleitores que declararam que o PV é o seu partido de preferência, 55% disseram votar em Serra no segundo turno e 19% em Dilma. Outros 19% que preferem o partido declararam voto em branco ou nulo e 7% não sabe em quem votar. Nas intenções de votos válidos, o percentual chega a 75% a Serra e 25% a Dilma.Valor Econômico
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