Na despedida do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na última quarta, notou-se a ausência do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB). No lançamento da campanha presidencial de Serra, no próximo sábado, Fernando Henrique não deverá discursar.Seriam estes indícios de que a presença do ex-presidente na campanha de Serra deverá ser tímida?
"A estratégia do PT é trazer o Fernando Henrique para o centro do debate eleitoral porque a memória do governo Lula é muito mais positiva", avalia o doutor em ciência política e conselheiro em marketing eleitoral Juliano Corbellini. "A tendência do PSDB é não trazer o Fernando Henrique para a pauta e não comprar essa tese do PT."
Tanto o ex-presidente como o atual, Luiz Inácio Lula da Silva, e sua candidata a sucessão, Dilma Rousseff (PT), têm falado sobre a comparação entre os governos. Para os estudiosos do tema, contudo, a comparação só favorece Dilma. Para o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília,o PT quer "pendurar" o ex-presidente FHC no governador Serra, o que estaria incomodando muitos tucanos.
"Quem sabe eles (PSDB) não o convencem (FHC) a cumprir quatro, cinco meses de contrato com a universidade americana", sugere. De acordo com a página do Instituto FHC, o ex-presidente é membro da Brown University, dos Estados Unidos.
Na análise de Corbellini, o primeiro round da eleição presidencial será a definição de agendas dos candidatos. "Será uma comparação entre governos ou entre os candidatos Serra e Dilma. Se o que prevalecer for a comparação entre os governos, venceu a estratégia da Dilma. Se for uma comparação entre os candidatos, devemos ter uma disputa mais equilibrada."
"Patrimônio"
Do lado tucano, o presidente de honra do PSDB é tido como um "patrimônio" e, no discurso, sua presença é dada como algo positivo para a candidatura Serra. "Ele é um patrimônio do partido e a participação dele é extremamente favorável", diz o senador Álvaro Dias (PR). Ele adota a tese de que a comparação entre governos, "sem manipulação de informações, mostra que o mandato de Fernando Henrique é muito superior".
Ao falar sobre a estratégia que o agora ex-governador de SP deve adotar, entretanto, a defesa é de uma pauta baseada em planos para o futuro. "O Serra não deve se preocupar com comparações. Ele deve ser responsável por uma agenda de futuro para o povo brasileiro. Sem desdenhar o passado, deve olhar para o futuro", diz o parlamentar.
Para o PT, a figura do ex-presidente representa a oposição, algo que o PSDB tentaria "esconder" durante a campanha. "O PSDB quer esconder o Fernando Henrique, mas não vai conseguir, porque não pode se despir do caráter oposicionista e dizer que é continuidade", diz o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP).Terra
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