Fiel da balança em tudo o que passa pela Câmara Municipal desde a sua criação, há cerca de cinco anos, o Centrão - grupo formado por 16 vereadores do PMDB, PP, PTB, PR e outros partidos - tem pesado cada vez mais para o lado oposto aos interesses do prefeito Gilberto Kassab (DEM) a ponto de ameaçar a aprovação de projetos do governo e superar o PT nos ataques à administração.
A insatisfação dos principais líderes do bloco com o prefeito, atrelada, principalmente, à falta de cargos no governo, tem reflexo direto na pauta de votação em plenário. Ao menos dois projetos ilustram bem o grau de revolta do grupo: o que alterou o controle do Programa de Silêncio Urbano (Psiu) e o que restringe o horário das partidas de futebol, com término até as 23h15, ambos votados há 20 dias.
No primeiro caso, o Centrão apoiou em peso a derrubada do veto de Kassab ao projeto do vereador Carlos Apolinário (DEM) que afrouxou a fiscalização e a punição nos casos de denúncia de poluição sonora, mas acabou suspenso pela Justiça. Já na proposta que trata dos jogos, Kassab ainda não se manifestou - nos bastidores, governistas dizem que ele vai vetá-la, por ter feito o mesmo com proposta semelhante em 2007 -, mas integrantes do bloco dizem que, se isso ocorrer, derrubam o ato em plenário “no mesmo dia”.
A lista de projetos em tramitação na Câmara à espera de “entendimento” entre políticos do Centrão e governo inclui ainda propostas de grande impacto na cidade, como a revisão do Plano Diretor Estratégico e a exploração publicitária do mobiliário urbano (relógios e abrigos de ponto de ônibus), e de interesse de Kassab, como o projeto que transforma o Teatro Municipal em fundação e que permite a atuação de Organizações Sociais (OSs) na Cultura.
Segundo líder kassabista, para quem a insatisfação atinge vereadores governistas, a base tem se esforçado pouco em aprovar projetos do Executivo agora porque sabe que o momento é totalmente desfavorável. “Sinto descontentamento geral dentro da Câmara. A diferença é que, quando líderes do Centrão querem algo, batem forte no governo, a gente não”.
Insatisfação
Para lideranças da Casa, há dois pontos principais que explicam a ira da cúpula do Centrão. O primeiro é um acordo feito entre PR, partido do presidente da Casa, Antonio Carlos Rodrigues, e Kassab ainda no primeiro turno das eleições de 2008. “O prefeito tinha só 8% das intenções de voto e nós fechamos apoio a ele com a promessa de ter neste mandato duas secretarias, uma pequena e uma grande. A pequena a gente já tem (Trabalho, com Marcos Cintra). Falta a grande”, afirmou um dos cinco parlamentares da sigla, que demonstrou ter preferência pelas pastas de Habitação ou Serviços, ambas comandadas por quadros do DEM.
A segunda faísca envolve o vereador Milton Leite, que é do partido de Kassab mas também integra o Centrão. De acordo com lideranças, o democrata ficou irritado ao ser informado que Kassab vetou seu nome para próximo presidente da Câmara durante uma reunião com o PSDB nas últimas semanas.
Na última quarta-feira, Leite aprovou na Comissão de Finanças, controlada pelo bloco, requerimento convidando o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge (PV), a prestar esclarecimentos sobre acusação de cobrança de propina que supostamente envolveria um coordenador da pasta responsável pela fiscalização na zona sul, onde fica seu reduto eleitoral. A secretaria nega o fato. JT
Vendilhões da Pátria.
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