Com palanques desarticulados nos principais colégios eleitorais do País, PSDB e PT dedicam o começo do ano para desembaraçar os nós nos estados onde ainda não têm estrutura eleitoral definida para dar suporte a seus candidatos à Presidência da República. O objetivo é criar vitrines regionais robustas para a campanha e, para isso, os dois partidos pretendem fechar a costura política até março.
Os tucanos se preocupam com três estados nos quais não há candidato definido até agora - Rio, Ceará e Amazonas. Do lado petista, o imbróglio maior está em São Paulo e em Minas, primeiro e segundo maiores colégios eleitorais do País, respectivamente. Há ainda indefinição no Rio, Paraná, Pará e Maranhão.
Na segunda quinzena de janeiro, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e o secretário-geral do partido, Rodrigo de Castro (MG), começam a viajar pelo País. O medo é repetir 2006, quando o então candidato a presidente, Geraldo Alck-min, ficou praticamente sem campanha nos estados.
À época, o receio de perder votos fez com que candidatos a governador evitassem fazer oposição à reeleição de Lula. "É melhor um palanque menor, mas que seja fiel ao nosso candidato a presidente. Dessa vez, não vamos admitir os erros de 2006", declarou Rodrigo de Castro. "Na campanha passada, tivemos palanque demais e campanha de menos", disse Guerra.
O Rio é o principal motivo de dor de cabeça no PSDB. Havia dois anos que se apostava no palanque com Fernando Gabeira (PV). O deputado, no entanto, já disse preferir o Senado. Tucanos agora se dividem entre fabricar a candidatura de um parlamentar - Marcelo Itagiba, Otávio Leite ou índio da Costa, este do DEM - ou convencer o ex-prefeito César Maia (DEM), que também quer o Senado e resiste a "ir para o sacrifício". O PT enfrenta o problema contrário. Além do governador fluminense,
Sérgio Cabral (PMDB), o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), colocou o nome no páreo.
O PSDB está sem candidato no Ceará, reduto de Ciro Gomes (PSB). O senador Tasso Jereissati resiste a disputar contra o governador Cid Gomes (PSB). O PT fechou apoio a Cid e construiu frente com PMDB e PSB.
NORTE
O Amazonas continua sendo uma interrogação para o PSDB. Lá, Alckmin teve apenas 176.338 votos contra 1.159.709 de Lula, em 2006. O partido ensaia um flerte com Ama-zonino Mendes (PTB), mas foca na reeleição do senador Arthur Virgílio.
O DF também inspira cuidado, já que os tucanos perderam o palanque do governador Arruda. Não está descartado o apoio ao ex-governador Joaquim Roriz (PSC) ou, num cenário menos provável, um palanque próprio com Maria de Lourdes Abadia.
Na Paraíba, ala do ex-governador Cássio Cunha Lima no PSDB apoia Ricardo Coutinho (PSB), prefeito de João Pessoa. Outra quer lançar o senador Cícero Lucena. No RS, Yeda Crusius quer se reeleger, mas a cúpula prefere o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB).
SAIBA +
O maior problema para o PT está em São Paulo, onde o PSDB governa desde 1995. A alternativa
Ciro Gomes, construída por Lula, desperta cada vez mais desconfiança.
"O tempo da candidatura Ciro se esgota e o PT toma a frente para lançar candidatura própria", disse o líder petista na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP).
O cenário está indefinido entre Antonio Palocci, Marta Suplicy e Emidio de Souza.
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