segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Lula deve aprovar universidade com 50% das vagas para estrangeiros

A universidade brasileira que terá 50% das vagas reservadas para alunos de outros países da América Latina vai sair do papel. O Presidente Lula deve sancionar nesta terça-feira (12) a lei que cria a Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana).

A nova universidade será instalada na região da tríplice fronteira, em Foz do Iguaçu (PR). Ela atenderá 10 mil alunos em em cinco anos, sendo 50% brasileiros e 50% estudantes de outros países latino-americanos.

O corpo docente da instituição seguirá a mesma regra de cota dos alunos. Metade será composto por professores brasileiros e a outra metade por especialistas latino-americanos.

A instituição, que deve iniciar os trabalhos já no segundo semestre de 2010, também trará como proposta inovadora aulas bilíngues.

No primeiro semestre serão disponibilizadas mil vagas em pelo menos 17 cursos. Segundo o professor Hélgio Trindade, futuro reitor da Unila, os cursos que serão oferecidos estão diretamente relacionados a áreas importantes para a relação entre os países latino-americanos, além de serem graduações que não são oferecidas em outras universidades brasileiras. Um exemplo é a carreira de engenharia das energias renováveis e a graduação em sociedade, Estado e política na América Latina.

A Unila nasceu da ideia de formar uma universidade única para o Mercosul. Essa instituição seria financiada e administrada conjuntamente pelos países do bloco, como a Universidade Andina Simón Bolívar, criada pelos países andinos e administrada conjuntamente pelo Equador, Venezuela, Peru, Colômbia e Bolívia. A proposta, porém, foi rejeitada por alguns países do bloco.

Depois de desprezada a proposta de uma universidade única para o Mercosul, o Brasil anunciou a intenção de criar uma universidade com foco na América Latina e com vagas exclusivas para estrangeiros.

A Unila, como todas as outras instituições federais de ensino superior, receberá verba do MEC (Ministério da Educação). A proposta orçamentária para 2010 é de quase R$ 23 milhões.

Após a aprovação da lei que cria a universidade, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do partido no Senado, destacou a importância do projeto em plenário.

- Este é um grande projeto que mudará a história da América Latina. A iniciativa contribuirá para o pensamento a respeito da integração regional.

Enem

A seleção dos primeiros alunos, que iniciarão as aulas no segundo semestre de 2010, acontecerá de duas maneiras.

Os brasileiros serão selecionados pelas notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e os estrangeiros só irão ingressar na Unila após uma prova única preparada pelo governo brasileiro, que será aplicada em todos os países da América Latina.

O exame latino-americano deve ser elaborado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), mesmo instituto responsável pela preparação do Enem. Trindade fez uma ressalva:

- Teremos que ter cotas de participação, para garantir a presença de todos os países. Não podemos, por exemplo, que estudantes argentinos e mexicanos fiquem com todas as vagas e que outro país fique de fora.

Para o futuro reitor da universidade, a criação de uma instituição de ensino latino-americana será essencial para as relações entre os países:

- Você vai criando laços pessoais, intelectuais e uma integração mais profunda. Não basta a integração só comercial, tem que haver a ideia de uma integração por meio do conhecimento.

Pelos próximos dois anos, a universidade funcionará em uma sede provisória no Parque Tecnológico de Itaipu. Entretanto, a Unila já tem terreno e um planejamento arquitetônico para o campus. Um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer será construído em Foz do Iguaçu (PR), em um terreno doado pela Itaipu Binacional.

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