Pelo nono mês seguido, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria cresceu em dezembro, deixando para trás o fundo poço da produção, atingido em fevereiro deste ano por causa freada no ritmo das fábricas em razão da crise financeira internacional.
Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que neste mês as 1.110 indústrias consultadas ocupavam 83,8% da capacidade de produção. O resultado é 1,1% maior que em novembro deste ano, descontadas as influências sazonais. E está apenas 2,9 pontos porcentuais abaixo do recorde histórico da série do Nuci, alcançado em junho de 2008, que foi de 86,7%, destaca o coordenador técnico da sondagem, Jorge Ferreira Braga.
Os resultados da pesquisa mostram que nos últimos cinco meses, entre julho e dezembro, houve uma expressiva aceleração do uso da capacidade das fábricas, com avanço de 3,9 pontos porcentuais no período.
O maior ritmo de produção já fez acender um sinal de alerta entre os formuladores de política monetária. No último relatório de inflação, o Banco Central (BC) prevê que, se for mantido o ritmo atual de produção, o uso da capacidade das fábricas poderá chegar a 86,5% em maio de 2010, nível muito próximo do recorde histórico (86,7%). O grande temor do BC é que o aumento repentino do uso da capacidade cause pressões inflacionárias.
"A recente recuperação do Nuci não chega preocupar", afirma Braga. Exceto no caso dos bens duráveis, onde o Nuci atingiu 91% este mês, depois de ter alcançado 91,4% em novembro, há vários segmentos com ociosidade, diz Braga. A opinião é compartilhada pelo economista da LCA Consultores, Douglas Uemura. "Há grandes diferenças entre os setores."
A pesquisa da FGV mostra que, de novembro para dezembro, praticamente todo o aumento do uso da capacidade instalada da indústria foi sustentada pelo avanço na produção de bens de capital, com crescimento de três pontos porcentuais. "Trata-se de uma recuperação com qualidade, pois indica a volta do investimento", frisa Braga. Já no bens de consumo e nos materiais de construção, o Nuci recuou no período e, nos bens intermediários, ficou estável.
O maior ritmo de produção das fábricas foi desencadeado pelo aumento da demanda e a redução nos estoques das fábricas. De 12 setores consultados, em quatro deles o volume de produtos tende para insuficiência. São eles: a indústria mecânica, de material de transporte, matérias plásticas e têxteis.
CONFIANÇA
O Índice de Confiança da Indústria (ICI), que sintetiza os resultados da sondagem industrial da FGV, atingiu neste mês 113,4 pontos, o maior nível desde julho de 2008 (113,7), antes da crise ter afetado a produção. Em relação a novembro, o crescimento foi de 3,5%,descontados os efeitos sazonais. Na comparação com o mesmo mês de 2008, a alta foi de 54,2%
Entre os componentes de destaque do ICI estão as perspectivas para os próximos meses, reafirmando o cenário de crescimento expressivo da indústria para o ano que vem.
A produção prevista para três meses, de dezembro a fevereiro, atingiu este mês 144,1 pontos, o maior nível da série apurada desde 1980. Segundo a sondagem, 46,9% das empresas acreditam numa produção maior para o período e só 2,8%, menor. Também a situação de negócios para seis meses foi recorde:atingiu 159,2 pontos este mês, com 61,8% das empresas prevendo melhora e 2,6% piora.Agência Estado
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