A Polícia Federal está investigando um e-mail apócrifo, com ampla circulação, atribui erradamente à ministra Dilma Rousseff, participação em cinco homicídios cometidos na ditadura militar (1964-1985) por grupos guerrilheiros aos quais ela nunca pertenceu. Um ocorreu quando ela já estava presa. A mensagem reproduz a falsa ficha de Dilma nos órgãos de repressão, já publicada na imprensa pela Folha de S.Paulo, que a ministra, após submeter à perícia, disse ser uma montagem.
Curiosamente, o e-mail reproduz foto de um dos chefes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), o ex-capitão Carlos Lamarca, aos 17 anos, como sendo do tenente Alberto Mendes Júnior, morto pelo ex-militar e seu grupo a coronhadas em 1970. Também há exortações contra o "comunismo".
"Acho que guerra de argumentos é legítima, mas, quando entra nesse grau de calúnia, a providência é a mesma das outras calúnias", disse o presidente do PT, Ricardo Berzoini, afirmando ter pedido a especialistas do partido que identifiquem a origem da mensagem. Seu objetivo é denunciar o caso à Polícia Federal, por crimes de injúria, calúnia e difamação, e processar os responsáveis. "Tem o agravante do anonimato."
Berzoini recebeu o e-mail na quinta-feira e comunicou o fato a Dilma. "A gente sabe que isso tem alcance limitado, a maioria da pessoas identifica como tentativa de jogo baixo. Mas é nossa obrigação localizar."
O e-mail tem descrições e fotos dos homicídios, com os dizeres: "Assassinado pelo grupo terrorista de Dilma." A "ficha" diz que a ministra participou do roubo do cofre de Adhemar de Barros, em 1969, mas nem o site Terror Nunca Mais, de militares da reserva, a relaciona como autora do assalto. "E ela quer ser candidata a presidente do Brasil... Acorda, povo", diz.
Dilma entrou para a luta armada em 1967, pelo Comando de Libertação Nacional (Colina). Em 1969, o Colina fundiu-se com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), formando a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Esse grupo rachou em 1969, levando à reconstituição da VPR. Dilma ficou na VAR-Palmares, onde foi presa, em 1970. Foi libertada em janeiro de 1973. Em 1979, foi anistiada.
Mortos
Os dois primeiros homicídios citados no e-mail, do jornalista Régis Carvalho e do almirante reformado Nelson Gomes, ocorreram antes do surgimento do Colina e da VAR-Palmares. Nos outros três homicídios citados, não há indício de participação de Dilma ou das organizações às quais pertenceu.A Policia Federal quer saber quem são os autores dessa montagem
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