Alterações no método construtivo e na execução das obras do trecho sul do Rodoanel permitiram ao governo de São Paulo abreviar em 15 meses a conclusão do traçado de 61,4 quilômetros que ligará as rodovias Régis Bittencourt, Raposo Tavares, Castelo Branco, Bandeirantes e Anhanguera ao sistema Anchieta-Imigrantes. Inicialmente previsto para durar 48 meses, o prazo de entrega é agora de 33 meses - 31,2% a menos. O trecho oeste, com praticamente metade da extensão do trecho sul, demorou 4 anos para ser inaugurado. A obra atual é uma das vitrines da administração José Serra, nome mais cotado dentro do PSDB para ser candidato à sucessão presidencial em 2010.
Em setembro do ano passado, o governo cogitou a possibilidade de antecipar ainda mais a entrega do trecho sul, para novembro deste ano. Com a manchete “Rodoanel Sul acelerado”, a edição número 4 do SP Notícias, informativo oficial sobre as principais obras em andamento no Estado, trazia reportagem de 10 páginas mostrando que quase 50% da obra já estava pronta. “Estamos num ritmo acelerado e vamos tentar terminar o trecho até novembro de 2009”, dizia o diretor de Engenharia da Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), Paulo Vieira de Souza.
A mudança do método construtivo é, segundo engenheiros ouvidos pela reportagem, uma das estratégias adotadas por empreiteiras para reduzir o cronograma de uma obra. Conforme relatório de fiscalização emitido em setembro pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o consórcio responsável pelos trabalhos onde ocorreu o desabamento de três vigas na sexta-feira substituiu estruturas de balanços sucessivos por vigas pré-moldadas. Embora tenham preços distintos (as vigas pré-moldadas são muito mais baratas), ambos os métodos são considerados seguros.
O relatório do TCU aponta ainda que, ao utilizar vigas pré-moldadas, as empreiteiras dos cinco lotes em que o trecho sul foi dividido deixariam de fazer cerca de 10 mil metros quadrados de tabuleiros entre as estruturas das pontes. Os auditores da Corte concluíram que a mudança gerou economia de cerca de R$ 20 milhões. “Ainda é cedo para dizer se esse acidente tem relação direta com as irregularidades que apontamos”, ponderou o ministro Aroldo Cedraz, relator da auditoria no trecho sul.
Para o engenheiro civil José Roberto Bernusconi, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), a deterioração de estradas se dá por vários motivos. Mas o principal é a mudança de dimensionamento da obra. O projeto prevê uma carga e um volume de tráfego. Se isso não é respeitado, a via deteriora-se mais rapidamente. Também é preciso ter o uso adequado de material.Folha
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