quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Desemprego é o menor em 15 anos

O desemprego atingiu no mês passado o menor índice de 2009 e o mais baixo desde 1994 para agosto. A taxa chegou a 15,5% da População Economicamente Ativa (PEA), contra 15,9% registrado em julho, mesmo patamar de agosto do ano passado. A redução se deu pela criação de postos de trabalho, mas, também, pela desistência de alguns brasilienses em procurar emprego. Apenas em agosto, 4 mil pessoas foram empregadas e outras 2 mil saíram da PEA. Das vagas criadas, 2 mil estão na indústria, 2 mil em serviços e 1 mil na administração pública. O comércio fechou 1 mil postos.

Os principais beneficiados no mês passado foram os moradores das cidades do DF. Os números levantados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para compor a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) mostram redução na taxa de desemprego, apesar de no acumulado do ano o mercado de trabalho estar prestigiando mais os moradores do Plano Piloto.

Agosto foi o quinto mês consecutivo de aumento na oferta de empregos no Distrito Federal. Desde abril, foram criados 40 mil postos de trabalho, compensando os 28 mil fechados no primeiro trimestre deste ano. A baixa participação da indústria na economia local, emprega apenas 4,1% dos trabalhadores, justifica o bom resultado brasiliense, apesar da crise econômica que atingiu o mercado internacional. A indústria foi o segmento mais afetado pelo desaquecimento no restante do país. "A configuração da economia brasiliense foi favorável neste período de crise", afirma o economista do Dieese Tiago Oliveira. "O governo não pisou no freio neste momento de crise, não cancelou contratações e manteve os investimentos, o que teve reflexo no setor público e uma repercussão grande na economia do DF", completa o economista Júlio Miragaya, especialista em mercado de trabalho. Mesmo com a melhora, ainda há 213 mil pessoas desempregadas na capital federal.

Foi na onda de otimismo que a brasiliense Julianne Costa, de 25 anos, conseguiu um emprego, após um ano e meio parada. Desde o dia 10 último, ela trabalha como assistente administrativa de uma rede de laboratórios. É o primeiro emprego desde que deixou de ser professora de história da rede pública de ensino. "Estava muito difícil. Eu mandava currículo, mas nada aparecia ou os salários eram muito baixos, ainda mais para mim, que sou portadora de necessidades especiais", conta a historiadora, que possui um problema visual.

Recém-formado, o professor de educação física Vinícius Pereira, de 22 anos, passou três meses entre o último estágio e o primeiro emprego, após concluir a graduação. No meio do ano, ele conseguiu uma vaga em uma academia que estava inaugurando no Lago Norte. "Quando me formei fiquei com medo porque as academias estão trocando os profissionais por estagiários, mão de obra mais barata. Mas ainda bem que consegui, e, por cima, na academia que eu mais sonhava trabalhar."

Renda menor

A melhoria no mercado de trabalho, no entanto, não foi repassada para os salários. O rendimento médio dos brasilienses diminuiu 0,4% em relação ao mês anterior, mas registra uma variação de 5% no acumulado dos últimos 12 meses. A renda média no mês foi de R$ 1.835, contra R$ 1.842 no mês anterior. No mesmo período de 2008, o brasiliense ganhava, em média, R$ 1.747. A queda da renda é pontual, segundo Oliveira. Um dos motivos é que os postos criados em agosto foram ocupados por moradores das cidades do Distrito Federal, que ganham, em média, rendimentos menores do que os pagos à população do Plano Piloto.

A queda da taxa de desemprego se deu, exclusivamente, entre as famílias que moram fora do centro de Brasília. A taxa no grupo 2, que reúne as cidades de renda intermediária, passou de 14,6% a 14% de julho para agosto. No grupo 3, que possui renda mais baixa, o índice caiu de 18,8% para 18,4% no período. Por outro lado, entre os moradores do Plano, a taxa subiu, passando de 7,5% a 7,6%. No acumulado do ano, no entanto, são os moradores das asas e dos lagos Norte e Sul que conseguiram mais empregos. A taxa de desemprego deles no fim de 2008 era de 8,6%. Enquanto as dos grupos 2 e 3 eram maiores do que as atuais, de 14,0% e 18,4%, respectivamente.

E EU COM ISSO

Uma taxa de desemprego menor significa que mais pessoas estão tendo acesso a rendimentos mensais, o que significa mais trabalhadores consumindo na cidade. Há um efeito multiplicador, com mais renda, as famílias passam a consumir mais serviços nas empresas locais, que, consequentemente, precisam de mais funcionários para atender à demanda crescente.

O número

Mão de obra

213 mil

Total de desempregados na capital federal

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