terça-feira, 29 de setembro de 2009

Dilma rejeita tese de que há pouco petróleo no pré-sal

A ministra Dilma Rousseff, rebateu hoje afirmações de que não há "tanto petróleo" na camada do pré-sal. "Não tem fundamento esta discussão", afirmou a ministra em exposição de cerca de uma hora no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Segundo ela, os poços de Tupi e Iara estão entre as maiores descobertas dos últimos 10 anos. Para a ministra, ainda não é possível quantificar quantos bilhões de barris existem no fundo do mar, mas as estimativas indicam que a exploração do pré-sal deve significar entre 25 bilhões a 100 bilhões de barris adicionais. "A quantificação disso teremos ao longo da exploração. Mas é certo que é uma quantidade muito significativa de barris", afirmou.

A ministra disse que o petróleo originário da exploração da camada do pré-sal será destinado à exportação. Segundo ela, o ganho no mercado interno será o de criação de uma indústria nacional que possa fornecer equipamentos e serviços. A ministra destacou também que os recursos que a União receberá serão transformados em um fundo social de combate à pobreza.

Segundo a ministra, o pré-sal vai colocar o Brasil em outro patamar entre os países produtores de petróleo e transformar o País em um dos maiores exportadores. Para Dilma, o pré-sal ocorreu em um momento muito favorável, quando o Brasil está com sua economia "sofisticada", tem uma democracia que respeita os direitos humanos, não enfrenta conflitos étnicos, não faz guerra com os seus vizinhos e respeita os contratos.

Riscos

A ministra da Casa Civil disse também que a exploração do petróleo no pré-sal representa um desafio para o País, que terá que evitar dois riscos: a "maldição" do petróleo e a chamada "doença holandesa". Segundo ela, grandes países produtores de petróleo têm a economia focada em apenas dois setores: o do petróleo e o outro em que estão as demais áreas, "o que explica por que esses países não encontraram um caminho fácil para o desenvolvimento".

O segundo risco, segundo Dilma, é o de as exportações provocarem a desvalorização do dólar e a desindustrialização por falta de competitividade. Por isso, afirmou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabeleceu três diretrizes ao definir as regras do pré-sal: a primeira, de que o novo modelo deve considerar o baixo risco e a alta rentabilidade, além do fato de que o petróleo e o gás pertencem ao estado brasileiro. A segunda diretriz, a de que o Brasil não pode virar exportador de óleo bruto e importador de plataformas, sondas e equipamentos da indústria do petróleo.

"Temos de nos tornar produtores de máquinas e equipamentos e agregar valor ao nosso petróleo, refinando e transformando em produtos petroquímicos", disse. A terceira diretriz, segundo a ministra, é de que os recursos da exploração da camada do pré-sal devem antecipar o combate à pobreza. De acordo com ela, seria uma forma de resgatar uma dívida do passado mas, ao mesmo tempo, garantir o futuro, investindo em educação e em inovação.

Biodiesel e etanol

Dilma disse ainda que o Brasil continuará com o compromisso de manter em sua matriz energética energias renováveis, como o biodiesel e o etanol. "Vamos perseguir o protagonismo que já temos nos combustíveis de segunda e terceira geração, transformando celulose em energia", afirmou a ministra. Segundo ela, é preciso transformar o pré-sal em empregos e atração de empresas para investir e produzir petróleo no Brasil. Por isso, afirmou, é preciso ter regras claras.

Segundo a ministra, o controle que a União exercerá não tem um caráter estatizante, mas sim é justificado pela noção do que pode significar o pré-sal para a indústria nacional. Segundo ela, Lula disse que a exploração do pré-sal deve ser um círculo virtuoso, no qual se deve combinar combate à pobreza ao fortalecimento da indústria nacional.

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