O governo declarou guerra aos bancos privados. Se, no auge da crise mundial, no fim do ano passado, o presidente Lula baixou ordem para que o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal ampliassem a oferta de crédito e reduzissem o spread (diferença entre o que pagam aos investidores e o que cobram dos devedores) e as taxas de juros para irrigar a economia, dentro do conjunto de políticas anticíclicas, agora, a ordem é tomar mercado sem dó nem piedade. Essa orientação foi fechada ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em retaliação às declarações do presidente do Banco Itaú, Roberto Setúbal. Há dois dias, quando anunciou a queda no lucro de sua instituição, o banqueiro disse que a política de juros e spread mais baixo dos bancos públicos não era sustentável.
Concorrência furiosa
No BB, o clima é de euforia e satisfação. Além de voltar ao topo do ranking brasileiro, a instituição assumiu o posto de maior banco da América Latina e o sétimo das Américas (incluindo os Estados Unidos), com ativos de R$ 598,8 bilhões contra os R$ 596,4 bilhões do Itaú Unibanco. O lucro líquido do BB no segundo trimestre do ano, de R$ 2,9 bilhões, superou em 42,8% o resultado do mesmo período de 2008 e em 41% o montante apurado no primeiro trimestre. Nos primeiros seis meses de 2009, os ganhos da instituição totalizaram R$ 4 bilhões. No segundo trimestre, o lucro do Itaú Unibanco caiu 8% ante o computado entre abril e junho de 2008.
Animado, o presidente do BB, Aldemir Bendine, provocou os competidores: “Cada vez mais, quero que a concorrência fique furiosa conosco. E vamos caminhar para ser o maior banco das Américas”. Segundo Bendine, o Banco do Brasil conseguiu dar a volta por cima porque foi ousado, acreditou nos fundamentos da economia e na capacidade técnica do seu corpo de funcionários. “O BB não se acovardou, deu um passo à frente e demonstrou capacidade de reagir rápido à crise” afirmou.
A crise econômica, aliás, contribuiu para o resultado do banco, pois levou muitos depositantes a procurarem a instituição em busca de segurança. Assim, com mais dinheiro em caixa, o BB elevou o saldo da carteira de crédito em 32% nos últimos 12 meses, chegando a R$ 265 bilhões, e a sua participação nesse mercado, de 16,9%, em junho de 2008, passou a 18,7% em junho último.
Bendine fez questão de destacar que a ampliação da oferta de crédito foi feita sem abrir mão da qualidade da carteira e da boa técnica bancária. Logo que tomou posse, Bendine, conhecido no governo como Dida, foi acusado de ser um agente dos interesses do governo, que queria os bancos oficiais na ponta do crédito farto e barato, o que empurraria tais instituições para uma zona perigosa.“ A boa técnica bancária está no DNA da instituição”, garantiu. Para provar que fez o que o mercado não teve coragem e, mesmo assim, colheu frutos, o presidente do BB ressaltou os dados da inadimplência.
Os maiores(*)
Instituições - Ativos totais (Em R$ bilhões)
Banco do Brasil - 598,8
Itaú Unibanco - 596,4
Bradesco - 482,4
Santander-Real - 315,3
(*) Dados referentes a junho de 2009
Fonte: Bancos
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