Moradores de uma das regiões mais pobres do país não sabem o que é o principal programa de investimentos do governo
Você sabe o que é o PAC? A pergunta foi feita a sertanejos da Chapada do Araripe e Xingó, regiões onde os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento são escassos e chegam aos poucos. A maioria dos entrevistados não soube explicar que programa é esse. “É sobre a cisterna, não?” Respondeu o agricultor Moisés Galindo, 50 anos, nos grotões de Santa Filomena (PI). As cisternas se espalham por aqueles municípios e por todo o semiárido brasileiro, construídas com recursos do Ministério do Desenvolvimento Social. Já são 226 mil.
Maria José Azarias, 33 anos, mãe de oito filhos, em Delmiro Gouveia, disse que já ouviu falar do programa, mas não entende o que é: “Já ouvi falar, mas não entendo. É porque…é assim…eu não sei ler, sabe?” Também não ouviu nada no rádio: “Aqui não tem rádio”, explicou. Ela aguarda a chegada do Canal do Sertão Alagoano, uma obra prevista no PAC.
No interior de Canapi (AL), perto do povoado Fumaça, Maria Aparecida Oliveira diz que nunca ouviu nada no rádio sobre o principal programa do governo. Mesmo quando ouve o nome completo do programa, diz não saber do que se trata. Em Santa Cruz (PI), Gildenor Pereira de Souza, 59 anos, responde a pergunda: “PAC? Nunca ouvi falar não. Vejo falar assim em programa de governo, mas não entendo”. Mas ele sabe qual a maior carência do município. “O nosso sertão é castigado demais com o verão, com a estiagem.”
Caixão de defunto
Valdeci José da Silva, 50 anos, vizinho de Galindo, em Santa Filomena, tem mais informações. “Já ouvi no rádio. É importante ouvir.” Questionado sobre detalhes do programa, explica: “São projetos que vão vir dependendo das áreas. Em algumas áreas ele chega primeiro”. Ele também tem a sua lista de reivindicações: “Se aparecesse irrigação, estrada. Tem uma que está chegando”. Ele fala da estrada entre Santa Filomena e Santa Cruz, que está em construção. Mas essa não está no PAC.
Em Santa Cruz, o agricultor aposentado Fulgêncio da Silva, 64 anos, fica confuso quando questionado sobre o PAC. “É do, do… o PAC não é esse que dá os caixão de defunto?” No interior de Itainópolis (PI), no povoado Paulista, o agricultor Abílio José de Araújo, 45 anos, responde prontamente: “Não sei o que é”. A reportagem explica que se trata do Programa de Aceleração do Crescimento. “Não sei o que é isso, não”, reafirma o agricultor. Ele se queixa da falta de terras. Tem que plantar “pagando renda” para o dono da propriedade, que fica com a metade da safra de milho.
Nas proximidades da sede do município de Vera Mendes (PI), o agricultor Francisco Vera, 62 anos, responde: “Já ouvi falar, mas não tenho muito conhecimento. Pertence à agricultura”. A reportagem pergunta se ele já ouviu falar em Dilma Rousseff. Ele sorri e responde: “É a candidata do governo”. (Correio)
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