segunda-feira, 15 de junho de 2009

Dilma


A ministra Dilma, de lilás, cercada de mulheres influentes na casa de Marta Suplicy, em São Paulo(Clique na imagem)

Durante a gravidez, enquanto esperava para dar à luz sua filha Paula, hoje com 33 anos, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, leu o livro Nascer sorrindo, do obstetra francês Frédérick Leboyer. Ele foi o primeiro a divulgar a ideia de que os bebês podem nascer na água, dentro de piscinas ou banheiras, o que diminuiria o impacto da transição do útero para o mundo. Dilma diz que ficou encantada. “Naquela época, achava a cesariana uma coisa de quinta categoria. Andei como condenada no final da gravidez para a menina nascer de parto normal. Mas não deu certo. Começaram as contrações, fui para o hospital e esperei para ter dilatação. Não veio. Tiveram de fazer cesárea. Fiquei arrasada.”

A ministra contou a história para uma plateia exclusivamente feminina, reunida na casa da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, na tarde do sábado dia 6 de junho. Marta organizou um almoço para apresentar a ministra e futura candidata do PT à eleição presidencial de 2010 a formadoras de opinião. Quase todas mulheres influentes. O propósito era trabalhar a imagem de Dilma e desconstruir sua fama de durona e truculenta. Mostrar que ela pode ser feminista e feminina. “Como sabemos que na campanha vão tentar trucidar o lado mulher dela, decidimos nos vacinar”, disse Marta. As mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro. De acordo com a mais recente pesquisa do instituto Vox Populi, 30% delas nunca ouviram falar da ministra Dilma.

Dilma recebeu as convidadas. Vieram as apresentadoras de TV Adriane Galisteu, Ana Maria Braga, Luciana Gimenez e Mônica Waldvogel; a atriz Maria Paula (nora de Marta); a filósofa Marilena Chauí; as dramaturgas Leilah Assumpção e Marta Góes; a ex-jogadora de basquete Hortência; a empresária Viviane Senna e Eleonora Rosset, psicanalista e amiga pessoal de Marta, entre outras. No total, 18 convidadas, incluindo eu e outra jornalista.

Hortência e Eleonora foram as primeiras a chegar. Enquanto a ministra conversava com repórteres na entrada da casa de Marta, elas falavam sobre agressividade e carreira. “Não há como a mulher ter sucesso na vida se não for um pouco agressiva”, disse Hortência. Eleonora, de braços cruzados, balançava a cabeça em sinal de aprovação. Quando Dilma se aproximou da rodinha, sentou-se no encosto do sofá. “Sabe o que eu digo sobre isso? O que eu digo é que sou a única durona no meio de um monte de homens fofos. Só tem fofo no governo.” Sérias, as interlocutoras pareciam concordar com a ironia.

O papo evoluiu para casamento e filhos. Hortência contou que nunca morou com seu ex-marido, o empresário José Victor Oliva. Outras falaram de separação e solidão. Dilma acompanhava com o olhar. “Eu não saio mais de casa. Tenho pouco tempo para ler e estudar”, disse, cautelosa. Claramente Dilma resiste em expor sua intimidade. Tocou no assunto apenas quando Hortência perguntou se ela era casada e tinha filhos. “Casei duas vezes. O primeiro casamento durou um ano. O segundo, 30. Tenho uma filha desse último casamento, que mora no Sul.” Dilma usa frases curtas, defende-se atrás delas. Um garçom passou oferecendo croquetes de bacalhau. Todas recusaram, exceto a ministra. “Estou que nem pobre na chuva”, disse, mordendo o quitute.

À medida que a sala enchia, as mulheres sentavam nos sofás vermelhos. Todas de pernas cruzadas, algumas com as mãos pousadas sobre os joelhos. O garçom começou a servir taças de champanhe Veuve Clicquot. Tudo muito fino. Dilma pediu um copo de água – e sua saúde virou o tema da conversa. Hortência perguntou como ela estava se sentindo com a quimioterapia. “Hoje estou bem. Logo que tomo o veneno fico bem. Lá pelo quinto ou sexto dia é que eu começo a me sentir mal”, disse Dilma, em tom bem-humorado. “Depois de 21 dias, quando a química toda já saiu do meu corpo e eu estou ótima, começa de novo.”

Quando as últimas convidadas chegaram, uma hora atrasadas, a ministra perguntou quais eram os problemas e deficiências do país na opinião das mulheres da sala. Hortência, a cestinha do encontro, contou que teve de pedir autorização para um traficante para entrar na favela. À vontade pela primeira vez, Dilma começou a discursar sobre a ausência do Estado nas favelas brasileiras. As convidadas a acompanhavam com o olhar atento. Das favelas, emendou para a necessidade de os hospitais públicos terem um olhar global sobre o paciente e a importância da urbanização nas periferias para evitar o surgimento de doenças.

Em vários momentos, Dilma mergulhou em exposições técnicas (como o marco regulatório para a exploração do pré-sal), diante dos olhos espantados de suas ouvintes. Defendia fervorosamente o aumento dos gastos públicos quando Marta anunciou que o almoço estava servido: salada de folhas, endívias, tomate-cereja e mussarela de búfala; arroz branco, cuscuz de camarão, picadinho de carne e batata palha. Para beber, champanhe, refrigerante, água e vinho tinto. Dilma escolheu cuscuz e salada.

A presidente da OAB Mulher de São Paulo, Helena Maria Diniz, sentou-se ao lado da ministra. Conversaram baixinho. Em seguida, Dilma pediu a palavra para dizer que Helena tinha levado a ela uma questão importante: a violência contra a mulher. As duas discutiam como tornar mais efetivo o cumprimento da Lei Maria da Penha, que aumenta o rigor nas penas de crimes contra o sexo feminino. A ministra voltou ao assunto duas vezes durante a reunião. Na hora de comer a sobremesa, Marta e Dilma trocaram de mesa. Enquanto se serviam de bolo de chocolate, merengue de morango ou cheesecake de frutas vermelhas, as mulheres reclamavam. “Que sacanagem, Marta! Colocar esse monte de doces em um encontro só para mulheres.” Apesar das reclamações, os doces foram um sucesso. Quanto a Dilma, ainda não se sabe. (História contada pela revista Época....Publicado a pedido dos leitores. Não sabemos se é tudo verdade! )

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