Em evento de lançamento de ações afirmativas para negros, o ministro Edson Santos (Igualdade Racial) reagiu ontem às declarações do general de exército Paulo César de Castro, que, na última segunda-feira, exaltou o golpe militar de 1964 e ironizou as políticas de cotas raciais na educação.
Ao citar a reportagem da Folha que trouxe as declarações do militar, Santos disse, em discurso de improviso: "Esse discurso grosseiro, vindo de uma figura da mais alta patente de nosso Exército, me leva a crer que ainda existe muita gente despreparada ocupando posição de alta responsabilidade com o nosso país".
Na última segunda, o general, principal responsável pelo ensino no Exército nos últimos dois anos, disse que entrou no colégio militar sem a necessidade de cotas.
"Foi em concurso, sem que jamais me tivesse sido exigida a cor da pele dos meus pais, avós e demais ascendentes ou me tivessem acenado para integrar qualquer tipo de cotas fossem elas quais fossem", afirmou o general, um dos 14 quatro estrelas (posto máximo) do Alto Comando do Exército.
Ontem o militar foi ironizado pelo ministro. "O general Castro, um cidadão branco, disse que entrou no colégio militar sem precisar de cota. É evidente", disse, interrompido por aplausos e risos dos presentes.
"Ele [o militar] é a própria cota", gritou um integrante do movimento negro presente ao evento.
Santos anunciou ontem, entre outras ações, o plano de implementação de uma lei que obriga a inclusão no currículo escolar da cultura e da história afro-brasileira.
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