Os aliados do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), apostavam que a reunião do Conselho Deliberativo da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) ontem, em Montes Claros, serviria de vitrine para que ele apresentasse sua pré-candidatura a presidente, mas a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff , roubou a cena. A provável adversária do PSDB na corrida desembarcou na cidade muito à vontade, risonha e mascando chiclete. Foi recebida sob fartos aplausos de populares, que entoavam uma versão adaptada do refrão da primeira campanha à Presidência de Lula- "Olê, Olá, Dilmá, Dilmá".
Os petistas, sabendo de antemão que Dilma dividiria a cena com Aécio, ficaram exultantes. Em vez de ser recepcionada como visitante, ela foi acolhida como conterrânea até pelo anfitrião Aécio, que a saudou como "a ministra mineira".
O deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), que acompanhou cada passo de Dilma em Montes Claros, comentava que os 93 prefeitos do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha que fizeram a campanha "Lulécio" - de apoio simultâneo a Lula e Aécio em 2006 -, agora fazem o "Dilmécio", pela parceria entre a ministra e o tucano.
O movimento revela a convicção do PT e do PMDB locais de que o governador não sairá do PSDB nem tampouco se consolidará como candidato tucano ao Palácio do Planalto, deixando o caminho aberto a Dilma no Estado.
DESCOLAMENTO
É nesse cenário que um interlocutor de Lula informa que o presidente está "trabalhando fortemente" para descolar Aécio do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), presidenciável tucano. O objetivo dessa articulação é tentar impedir, a qualquer custo, que o governador mineiro componha a chapa presidencial tucana, como vice.
Lula confidenciou a amigos que teme a união da dupla de governadores dos dois maiores colégios eleitorais do País. Nesse caso, setores do Planalto e do PT avaliam que vencer o PSDB seria missão praticamente impossível para Dilma. Daí o esforço para descolar Aécio de Serra e arregimentar todos os aliados do governo na região a aclamar o governador como candidato de consenso ao Senado.
Surpreso e um pouco constrangido com uma manifestação de professores que, em coro, cobravam um "piso da educação", Aécio fez questão de ressaltar o apreço pela "parceria e soma de esforços" com o PT local e o governo federal.
"Precisamos nos unir no exercício da política, não para estarmos juntos, mas para construirmos juntos", destacou.
Na Sudene, Dilma fez um discurso político. Criticou a falta de uma política desenvolvimentista, que condenou o Nordeste a "não ser sequer pensado". Propôs que a Sudene represente um fórum em que o Nordeste seja visto na perspectiva de um local que, se não se desenvolver, "não haverá desenvolvimento humano no Brasil".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Nota do moderador: Comentários preconceituosos, racistas e homofóbicos, assim como manifestações de intolerância religiosa, xingamentos, ofensas entre leitores, contra o blogueiro e a publicação não serão reproduzidos. Não é permitido postar vídeos e links. Os textos devem ter relação com o tema do post. Não serão publicados textos escritos inteiramente em letras maiúsculas. Os comentários reproduzidos não refletem a linha editorial do blog