Se a população estiver satisfeita com o trabalho do Presidente, sua candidata terá grandes chances de vitória
A polêmica mais recente entre governo e oposição é a discussão sobre se o Presidente Lula estaria ou não fazendo campanha antecipada por sua candidata, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. A oposição recorreu até à Justiça Eleitoral. O governo jura não estar fazendo nada além de sua obrigação. Se Dilma inaugura obras é porque administrou sua realização, diz Lula.
Discursos à parte, todo mundo sabe a verdade. O presidente está completamente empenhado na construção da candidatura de sua ministra. Mas, cá para nós. Alguém esperava algo diferente? É a regra imutável do jogo político. Quem está no governo faz campanha com as armas que ele oferece. Quem está na oposição denuncia.
É importante separar as coisas. Quais movimentos são de campanha eleitoral e quais são de governo, mesmo com reflexos políticos. Aliás, qualquer ato de governo tem repercussões políticas, favoráveis ou não. Vamos pegar como exemplo a confusão mais recente, envolvendo o encontro nacional de prefeitos.
Montou-se um cenário lindo. Os oradores falavam tendo como fundo uma imensa imagem da bandeira do Brasil. Dilma foi a estrela da festa e garantiu fotos com todo o jeito de candidata presidencial. O governo anunciou aos prefeitos a possibilidade de renegociar em longuíssimo prazo débitos com a Previdência Social. “É campanha eleitoral”, gritou a oposição. Em parte, é. Mas é muito mais. A dívida renegociada chega aos R$ 14 bilhões. Atribuir um ato dessa monta apenas a um afago aos prefeitos é simplificar demais as coisas.
Lula está preocupado com a crise econômica e aposta nos investimentos públicos como arma para manter a economia funcionando. As prefeituras são parte importante desse investimento. Ao permitir o parcelamento das dívidas com a Previdência, ele tenta manter os municípios com folga para aplicar em obras. Obviamente, não vê nenhum problema se a decisão fizer felizes milhares de prefeitos, boa parte deles capaz de ajudar a montar o palanque de sua candidata em 2010.
O erro não é ver intenção política nos movimentos do governo e sim reduzir tudo a essa dimensão. Mais uma vez, vale usar o exemplo das prefeituras. No fim de 2008, em outra medida para enfrentar a crise econômica internacional, o governo federal reduziu as alíquotas de diversos impostos. O objetivo anunciado era deixar mais dinheiro no bolso da classe média, ao custo de perda de arrecadação tributária. O baque no caixa da União refletiu em redução no repasse de verbas federais a estados e municípios. Contas da oposição apontam um prejuízo acima de R$ 1 bilhão nas transferências para prefeituras em 2009.
Se for para ser simplista, é só tratar os dois casos separadamente. Ao ajudar os prefeitos, Lula estaria tentando cooptá-los para a campanha de Dilma. Antes, ao reduzir impostos, estaria tentando agradar a classe média e puxar seus votos para Dilma. O governo, por seu lado, jura estar fazendo apenas sua obrigação ao enfrentar a crise econômica. Como já vimos, não é só isso.
A verdade está numa combinação dos dois fatores. Lula é um presidente militante. Faz política o tempo todo. Mas isso não significa que ele não governe. Ou que todas as suas decisões tenham apenas caráter eleitoreiro.
Dilma é a candidata do governo. É justo que sua avaliação esteja colada à da administração Lula. Se a população estiver satisfeita com o trabalho do presidente, sua candidata terá grandes chances de vitória. Se Lula errar na administração da crise e a economia desandar, Dilma pagará o preço.
A oposição faz a sua parte ao tentar limitar os movimentos do presidente. Fora do período de campanha eleitoral, a disputa entre quem está no governo e na oposição é desigual. O governo ocupa espaços no noticiário ao lançar projetos. Conta com verba para propaganda e canais institucionais de divulgação, como o programa semanal de Lula, transmitido por centenas de emissoras de rádio pelo Brasil. É assim no plano federal. Também nos governos estaduais, inclusive os administrados pelo PSDB. No fundo, é tudo parte do jogo. Inclusive essa polêmica. Nas Entrelinhas
A polêmica mais recente entre governo e oposição é a discussão sobre se o Presidente Lula estaria ou não fazendo campanha antecipada por sua candidata, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. A oposição recorreu até à Justiça Eleitoral. O governo jura não estar fazendo nada além de sua obrigação. Se Dilma inaugura obras é porque administrou sua realização, diz Lula.
Discursos à parte, todo mundo sabe a verdade. O presidente está completamente empenhado na construção da candidatura de sua ministra. Mas, cá para nós. Alguém esperava algo diferente? É a regra imutável do jogo político. Quem está no governo faz campanha com as armas que ele oferece. Quem está na oposição denuncia.
É importante separar as coisas. Quais movimentos são de campanha eleitoral e quais são de governo, mesmo com reflexos políticos. Aliás, qualquer ato de governo tem repercussões políticas, favoráveis ou não. Vamos pegar como exemplo a confusão mais recente, envolvendo o encontro nacional de prefeitos.
Montou-se um cenário lindo. Os oradores falavam tendo como fundo uma imensa imagem da bandeira do Brasil. Dilma foi a estrela da festa e garantiu fotos com todo o jeito de candidata presidencial. O governo anunciou aos prefeitos a possibilidade de renegociar em longuíssimo prazo débitos com a Previdência Social. “É campanha eleitoral”, gritou a oposição. Em parte, é. Mas é muito mais. A dívida renegociada chega aos R$ 14 bilhões. Atribuir um ato dessa monta apenas a um afago aos prefeitos é simplificar demais as coisas.
Lula está preocupado com a crise econômica e aposta nos investimentos públicos como arma para manter a economia funcionando. As prefeituras são parte importante desse investimento. Ao permitir o parcelamento das dívidas com a Previdência, ele tenta manter os municípios com folga para aplicar em obras. Obviamente, não vê nenhum problema se a decisão fizer felizes milhares de prefeitos, boa parte deles capaz de ajudar a montar o palanque de sua candidata em 2010.
O erro não é ver intenção política nos movimentos do governo e sim reduzir tudo a essa dimensão. Mais uma vez, vale usar o exemplo das prefeituras. No fim de 2008, em outra medida para enfrentar a crise econômica internacional, o governo federal reduziu as alíquotas de diversos impostos. O objetivo anunciado era deixar mais dinheiro no bolso da classe média, ao custo de perda de arrecadação tributária. O baque no caixa da União refletiu em redução no repasse de verbas federais a estados e municípios. Contas da oposição apontam um prejuízo acima de R$ 1 bilhão nas transferências para prefeituras em 2009.
Se for para ser simplista, é só tratar os dois casos separadamente. Ao ajudar os prefeitos, Lula estaria tentando cooptá-los para a campanha de Dilma. Antes, ao reduzir impostos, estaria tentando agradar a classe média e puxar seus votos para Dilma. O governo, por seu lado, jura estar fazendo apenas sua obrigação ao enfrentar a crise econômica. Como já vimos, não é só isso.
A verdade está numa combinação dos dois fatores. Lula é um presidente militante. Faz política o tempo todo. Mas isso não significa que ele não governe. Ou que todas as suas decisões tenham apenas caráter eleitoreiro.
Dilma é a candidata do governo. É justo que sua avaliação esteja colada à da administração Lula. Se a população estiver satisfeita com o trabalho do presidente, sua candidata terá grandes chances de vitória. Se Lula errar na administração da crise e a economia desandar, Dilma pagará o preço.
A oposição faz a sua parte ao tentar limitar os movimentos do presidente. Fora do período de campanha eleitoral, a disputa entre quem está no governo e na oposição é desigual. O governo ocupa espaços no noticiário ao lançar projetos. Conta com verba para propaganda e canais institucionais de divulgação, como o programa semanal de Lula, transmitido por centenas de emissoras de rádio pelo Brasil. É assim no plano federal. Também nos governos estaduais, inclusive os administrados pelo PSDB. No fundo, é tudo parte do jogo. Inclusive essa polêmica. Nas Entrelinhas
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