terça-feira, 15 de setembro de 2009

Depois da varrição, Kassab corta coleta de lixo

Depois da varrição de ruas e do recolhimento de entulhos, agora é a coleta de lixo que sofrerá cortes em São Paulo

Em reunião realizada na sexta-feira passada com as duas concessionárias responsáveis pelo trabalho (Loga e Ecourbis), o secretário municipal de Serviços, Alexandre de Moraes, comunicou a redução de 10% no repasse de verbas para a área a partir do final do mês. Segundo relatos feitos à reportagem por pessoas que participaram do encontro, Moraes justificou o corte dizendo que a Prefeitura de São Paulo passa por sérios problemas de arrecadação.

Ele pediu, então, que as concessionárias fizessem uma "readequação" do plano de coleta de lixo. Empresários dizem que a redução dos serviços é inevitável.

A assessoria de imprensa do prefeito Gilberto Kassab (DEM) confirma a reunião e diz que ela integra uma série de encontros que o secretário tem realizado a fim de "adaptar os trabalhos de forma que eles caibam na verba de R$ 903 milhões" a ser destinada à limpeza urbana neste ano.

Os assessores do prefeito disseram ainda que "não dá para falar exatamente em 10% redução" e que "haverá um replanejamento do trabalho para que a sua qualidade não caia". Os R$ 903 milhões citados se referem à mesma quantia que Kassab gastou no ano passado com o setor de limpeza urbana.

Até agora, no entanto, a intenção de desembolsar esse valor está apenas no discurso oficial. Os recursos do Orçamento reservados para limpeza, que inclui varrição, coleta, reciclagem e retirada de entulho, são de apenas R$ 765,6 milhões. O prefeito, portanto, terá de tirar verbas de outras áreas para dar conta dos gastos prometidos.

Promessas
No dia 13 de agosto, a reportagem revelou que Kassab havia determinado o corte de 20% nos contratos de varrição. Na sequência, o sindicato dos garis divulgou que pelo menos 1.600 varredores de rua seriam demitidos por causa da medida.

Na terça-feira da semana passada, uma chuva forte inundou ruas e expôs a sujeira da cidade. A fim de evitar mais desgaste, Kassab afirmou, então, que não reduziria os gastos com limpeza em relação ao que foi pago no ano passado. Prometeu incrementar o orçamento da área tirando dinheiro de "grandes obras", sem dizer quais.

No mesmo dia em que o prefeito se comprometeu publicamente a não reduzir os gastos do setor, seu secretário comunicava, numa reunião privada, o corte de 10% para as concessionárias de lixo. Juntas, as concessionárias recebem cerca de R$ 46 milhões por mês para realizar a coleta. Com o corte no repasse, a prefeitura deve economizar algo em torno de R$ 18 milhões até o fim do ano. Do jornal Agora

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Ruas continuam sujas e vereadores querem fazer a CPI da varrição

Três das cinco ruas mostradas pelo Agora do último domingo, que revelou que só 37% das varrições programadas pela prefeitura realmente ocorrem, continuavam sujas ontem. Apenas as ruas Maria Paula (região central) e Darzan (zona oeste) estavam mais limpas do que na última sexta.

Os contratos da prefeitura com as empresas de varrição estão no alvo de diversos órgãos de fiscalização. A oposição ao governo na Câmara Municipal disse que vai apresentar hoje um requerimento pedindo instauração de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para avaliar esses contratos. Atualmente, três CPIs estão em andamento na Câmara de São Paulo.

O vereador Donato (PT) disse que deve ter, já amanhã, as 19 assinaturas necessárias para apresentar o pedido. Se conseguir, o pedido terá de ser votado em plenário e aprovado por 28 vereadores. O líder do governo, José Police Neto (PSDB), não comentou a possível CPI.

Já o Ministério Público Estadual disse que vai analisar se os contratos estão sendo cumpridos e que, daqui a pelo menos três dias, um promotor cuidará do caso.

A Corregedoria do Tribunal de Contas do Município afirmou que já há um procedimento investigativo aberto nas subprefeituras da Lapa, de Pinheiros, do Butantã e da Sé.

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