sábado, 29 de outubro de 2016

Ou Serra processa quem o denuncia, ou deve se licenciar do cargo de ministro



Novos detalhes de denúncias envolvendo o ministro das Relações Exteriores, José Serra, tornam sua posição cada vez mais delicada como titular de uma pasta estratégica no governo Michel Temer. Agora, o engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto e apontado como negociador de Serra, aparece em destaque nas delações de executivos da Odebrecht.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, delações da Odebrecht teriam apontado dois nomes como operadores de R$ 23 milhões (R$ 34,5 milhões, corrigidos pela inflação) repassados pela empreiteira via caixa dois à campanha presidencial de José Serra na eleição de 2010. Parte do dinheiro foi transferida por meio de conta na Suíça, em um acerto com o ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho, ex-PSDB e hoje no PSD, que fez parte da coordenação política da campanha.

Já o caixa dois operado no Brasil foi negociado com o ex-deputado federal Márcio Fortes (PSDB), próximo de Serra. Fortes também atuou nas campanhas de Fernando Henrique Cardoso na década de 1990 e na de 2014 de Aécio Neves.

osé Serra, que como ministro das Relações Exteriores é um porta-voz do país, não pode deixar que acusações deste peso venham à tona sem uma reação à altura. Se essas acusações são caluniosas, ele tem que processar seus autores. Não pode afirmar que não tem nada a comentar e, ainda por cima, continuar a viajar pelo mundo com sua agenda de ministro das Relações Exteriores.

Ou Serra processa os autores das denúncias, ou deve se licenciar e deixar o cargo para pessoas que não estão sendo alvo de denúncias. Serra está no DNA do PSDB, assim como o ex-presidente Lula está no DNA do PT. As denúncias contra um e outro não podem ter consequências diferentes.

Paulo Preto, suposto elo com PSDB, é destaque na delação da Odebrecht

Na delação de executivos da Odebrecht, que está em fase de finalização, o engenheiro Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, acabou se tornando personagem de grande destaque. Ele, que será apontado como elo entre a empreiteira e recursos destinados a ela para políticos do PSDB, foi diretor da Dersa em governos tucanos. As informações são da colunista Monica Bergamo, que acrescenta que o engenheiro não foi encontrado para responder.

A coluna destaca que o nome de Paulo Preto se tornou conhecido na campanha de 2010, quando Dilma Rousseff o citou em um debate com o tucano José Serra. "A então candidata fazia referência a reportagens que o apontavam como um dos tesoureiros informais do partido. Na época, ele negou as acusações", diz a coluna, que acrescenta que o nome do ex-deputado Márcio Fortes aparece também na negociação da delação da OAS ligado a Serra.

A coluna lembra ainda que em julho, quando revelou que ele era citado nas tratativas das grandes empreiteiras com o Ministério Público Federal como negociador do atual chanceler, o tucano disse: "Não existem interlocutores autorizados a falar em meu nome".

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