quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Janio de Freitas:Com o corrupto da Petrobras



A percepção oferecida pelo plenário da CPI era a de que os congressistas estavam ali só para mostrar-se na TV

Embora pelo pior motivo, que é o seu arranjo para delatar companheiros de corrupção e, em troca, receber liberdade, a recusa de Paulo Roberto Costa a responder perguntas deu à CPI mista da Petrobras o descaso merecido. Esnobou, diriam as ruas, se perdessem algum tempinho em atenção à gaiatice de mau gosto que foi a falsa sessão para ouvir o corrupto da Petrobras.

Admitida por obrigação a possibilidade de exceções, pode-se assegurar que ninguém na CPI estava interessado em inquérito algum. Já como preliminar, todos ali sabiam que Paulo Roberto Costa estava judicialmente autorizado a não dar, a senador ou deputado nenhum, a consideração de uma resposta. Ainda que mentirosa. Mesmo assim, no silêncio da sua cara inexpressiva e imutável, era dele a única atitude, ali, de evidente autenticidade.

A percepção oferecida pelo plenário da CPI era a de que os deputados e senadores estavam ali só para mostrar-se na TV. À custa de esticarem o pescoço ou o palavrório embromador, para obter mais alguns segundos do seu principal objetivo parlamentar. Com a transmissão ao vivo da falsa sessão inquiridora, até a oposição compareceu à CPI que até agora não lhe mereceu o devido comparecimento, que dirá contribuição. O grave assunto Petrobras só tem interessado a oposição como assunto que leva às páginas de jornais, pelo mesmo motivo eleitoral.

Mas não convém restringir ao ambiente da CPI a preferência de Paulo Roberto Costa pelo silêncio. A delação premiada é o compromisso de abrir os fatos ao conhecimento do Ministério Público e da Justiça. Se, porém, esses condutores do processo propõem ou aceitam a delação que pagam com a liberdade do acusado, é que não chegaram, por si, ao conhecimento dos fatos. Logo, não sabem qual foi a totalidade dos fatos, nem quais são todos os envolvidos. O delator controla o jogo, vai comprando liberdade com o gasto necessário, e só até o necessário. Supor que Paulo Roberto Costa haja citado tudo desde o seu começo, e, sobretudo, todos, será um erro.

RASANTE

Os problemas em torno do avião usado por Eduardo Campos são mais complicados do que conviria aos cuidados, de autoridades e políticos, no trato de assunto que inclui o candidato morto.

Além disso, a cúpula do PSB não está vendo como se desvencilhar de responsabilidades que, por lei, são dos partidos. Mas que caíram de surpresa em suas costas. Até agora, cada tentativa de dar uma resposta só criou nova dificuldade. Como a mais recente, de que os contratos e outros documentos eram guardados por Eduardo Campos. Mas contratos por ele feitos teriam as cópias das outras partes. E não aparecem.


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