quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Jantares, manifestos e o twitter na sucessão

Como nunca antes, atos organizados tentam influir na escolha de ministro

Enquanto o PT fala em "reintegração de posse" do Ministério da Cultura, a classe artística dá mostras de que não aceita o conceito de propriedade privada na cultura. Artistas da ópera, do samba, da música erudita, da literatura, da fotografia, da dança, museólogos e diversos outros, quase todos de colorações partidárias diferentes, lotaram anteontem à noite um restaurante na Vila Madalena, em São Paulo, para um ato de apoio à continuidade do atual ministro, Juca Ferreira, na pasta da Cultura.

"Defendo a permanência dele porque ele acabou com as preferências político-partidárias no ministério. Nunca ninguém precisou fazer lobby na gestão Gil-Juca, todo mundo é atendido igualitariamente", defendeu o maestro João Carlos Martins, um dos organizadores do jantar, que integrou governo de Paulo Maluf no passado. "A cultura, há muito tempo, não via um ministro que fosse tão ativo e republicano, que falasse com todo mundo, gregos e troianos", elogiou José Roberto Walker, integrante dos quadros culturais dos governos tucanos em São Paulo.

Estavam presentes, entre outros, Fernanda Feitosa (da feira SP-Arte), Hulda Bittencourt (Cisne Negro Ballet), Márika Gidali (coreógrafa do Stagium), Abel Rocha (maestro), Agnaldo Farias (curador), Celine Imbert (soprano), Ricardo Ohtake (curador e ex-secretário de Cultura de São Paulo). "Com o apoio dessa gestão, criamos 151 redes de agitadores culturais da fotografia no País, em 19 Estados. O MinC, pela primeira vez, funciona republicanamente. Ninguém aqui está preocupado com o partido ao qual ele pertence, mas ao modo democrático como conduz a gestão", disse o fotógrafo Iatã Cannabrava.

O jantar em São Paulo foi mais um entre os numerosos eventos do que está sendo conhecido como #FicaJuca, um movimento suprapartidário que colhe assinaturas na internet (mais de mil adesões) e monta bases de apoio pelo País. "Juca tem recebido apoio semelhante no Rio Grande do Sul, Bahia, Sergipe e Rio. É apoio a um projeto que ampliou, aprofundou a política cultural e libertária nacional", escreveu no Twitter Nilmário Miranda, da Fundação Perseu Abramo.

Há duas semanas, o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, organizou em Minas um evento semelhante. Em São Paulo, gente como os empresários Jorge Gerdau e Milu Vilela (do Itaú) apoiam Juca publicamente. No Rio de Janeiro, o suporte inclui todo o leque artístico: Cícero Sandroni, jornalista, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, divulgou carta de solidariedade, enquanto Fernanda Abreu prepara um almoço, hoje, num anexo do restaurante Nova Capela, na Lapa, a partir do meio-dia.

Muito do movimento tem a ver com o temor de que algum dos nomes propostos pelo PT venha a ser efetivamente nomeado pela presidente eleita, Dilma Rousseff. A escolha deve ser divulgada até o dia 10 deste mês. Os mais fortes, no momento, são Emir Sader, Ideli Salvatti, Angelo Vanhoni e Marilena Chauí. A senadora Ideli Salvatti também já participou de jantares e encontros semelhantes para sentir a receptividade do mundo artístico ao seu nome. Não tem sido bem recebida.

Juca Ferreira está licenciado do Partido Verde (PV), do qual é um dos fundadores, até metade de 2011. Rompeu com as diretrizes nacionais do partido para apoiar a candidatura de Dilma Rousseff à presidência. Sua situação é delicada: caso não continue no governo, teria dificuldades em seu futuro político na Bahia, que ensaia um movimento curioso: o atual prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB), fala em ir para o Partido Verde. "Se isso acontecer, dificilmente permaneço no PV", afirmou.

A continuidade de Ferreira, segundo analistas da área, seria crucial para garantir o trâmite de projetos importantes no Congresso, que ele negociou nos últimos anos (como o Vale Cultura, que espera votação na Câmara para ir à sanção presidencial). Por conta disso, mesmo nomes que estão na chamada "bolsa de apostas" para o MinC, como o do ator Paulo Betti, defendem a manutenção de Juca. "Juca Ferreira que soube dar continuidade ao desempenho do ministério com grande afinco e competência, culminando com a aprovação do Plano Nacional de Cultura", afirmou Betti.

"Agora qual é a urgência? Torcer pela continuidade desse trabalho. O ministro Juca Ferreira não está de brincadeira e vai levar adiante essa bandeira. Torço por isso", disse o cantor e compositor baiano Moraes Moreira." Se o novo governo quiser intensificar os acertos do governo Lula na geopolítica cultural, tem no ministro Juca o seu melhor articulador. A cultura brasileira sai ganhando de goleada. Fica, Juca", afirmou o cantor Chico César. "Apolítico e com foco no diálogo entre diferentes vetores de comunicação cultural, tornou-se realidade a inclusão da moda, arquitetura, fotografia e design nas políticas publicas", elogiou o estilista Ronaldo Fraga. "Antes, a cultura era ornamento, moeda de troca, fração do poder. Com Gil e Juca, ganhou força nova, ganhou cara própria, fez acontecer", disse o compositor José Carlos Capinam.Estado

4 comentários:

  1. Dilma... por favor, use um pouco de bom censo... FORA com o Nelson Jobim, pelo bem do Brasil... será pouco tudo que ele arquitetou em benefício do Daniel Dantas e Gilmar Mendes? e agora, mais essa...
    FICA CELSO AMORIM... duvidamos que haja alguém mais adequado do que o Celso Amorimpara as RELAÇÕES EXTERIORES...

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  2. Juca é um gestor muito competente e com uma extraordinária capacidade política.

    Com ele, ficaria mais fácil a retomada do projeto da Ancine, antes bombardeado pela grande mídia.

    Não tenho status para oferecer jantares, mas defendo também outro nome baiano para ocupar um ministério no governo da presidenta Dilma: José Sérgio Gabrielli para a Casa Civil.

    Até agora, o nome cotado é o do ex-ministro Pallocci. Tomara que ainda haja possibilidade de mudança.

    Como militante de esquerda do Partido, tenho ponto de vista pessoal que se sustenta no seguinte: receio que o ex-ministro acabe por influenciar a presidenta com a sua visão liberal, pretendendo reduzir o papel que o Estado brasileiro cumpriu no governo Lula, de indutor, regulador e promotor da economia e do desenvolvimento social, e o empresariado e a mídia queira fazer dele o candidato prioritário à sucessão de Dilma.

    Para sustentar essa preocupação, apresento dois argumentos:

    1) Pallocci foi o primeiro gestor público petista a defender e levar a cabo a privatização dos serviços de saneamento básico. Esses serviços foram entregues à iniciativa privada em Ribeirão Preto. Outros prefeitos petistas tentaram, mas, felizmente, vereadores históricos do partido, com apoio de diversas entidades que defendiam a titularidade do município conseguiram impedir.

    Ainda em consonância com essa postura conservadora, pudemos vê-lo elogiar a condução da política econômica feita por Pedro Malan e vice-versa. Não fosse a pressão interna do partido e de setores da sociedade civil organizada, ele tentaria conduzir a política econômica priorizando o crescimento em detrimento do desenvolvimento social. Tampouco o Brasil teria tido condições de enfrentar a crise financeira iniciada nos EUA e que afetou os demais países em efeito dominó, porque Palocci teria adotado medidas ortodoxas;

    2) Pallocci goza da admiração do grande empresariado - veja-se o depoimento deles na revista Isto É, num lobby fortíssimo em seu favor - exatamente por identificar nele um gestor afinado com os postulados do mercado. À frente da Casa Civil, a grande mídia vai querer atribuir o êxito do governo Dilma a ele, porém, se o governo encontrar dificuldade, a imprensa vai poupá-lo, deixando recair sobre a companheira Dilma o desgaste.

    Acho que a melhor escolha para coordenar o governo seria a do atual presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, economista e professor renomado, que chegou a ser, inclusive, candidato do partido ao governo da Bahia em 1990. Estou a cavalheiro para afirmar isso. Não faço parte de nenhuma das tendências que se articulam com a CNB.

    Sob gestão de Gabrielli, a Petrobras saiu da 10ª posição no ranking das maiores empresas petrolíferas do mundo e chegou ao topo, no segundo lugar. Comandar a Petrobras é mais que administrar uma prefeitura ou um estado. Seu orçamento é maior do que o de muitos estados juntos, basta comparar para se chegar a essa conclusão. Os investimentos para os próximos quatro anos são da ordem de R$ 250 bi.

    A eficiência do atual presidente da Petrobras o cacifa a exercer um cargo dessa importância, sem mexer nos interesses localizados dentro do partido, seja em São Paulo ou Rio Grande do Sul, só para citar dois estados de peso com chances de indicar um candidato à presidência da República. Tampouco colocaria em risco a governabilidade do governo Dilma, pois, além de competente tecnicamente, o companheiro Gabrielli tem habilidade política para coordenar as ações do governo federal.

    Se se confirmar o nome de Pallocci, que ele em 2014 aceite ser o candidato do partido ao governo de São Paulo. Quem sabe assim o Brasil não se livra de ter um tucano enrustido candidato pelo PT.

    Carlos Rabelo

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  3. APOIADO!! FICA JUCA!!!

    "O BRASIL PARA TODOS não passa na gLObo - O que passa na gLOBo é um braZil para TOLOS"

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  4. Esta se aproximando a Posse, e acho que a Vitoria de Dilma, esta sendo um presente a "Guerrilheira" sem armas, onde lutou por um Pais melhor, esta é a recompensa para Dilma e do Povo.

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