segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Lula vai ao G20

O presidente Lula não só vai à reunião do G-20 na Coreia como faz questão de levar o sucessor, que, espero seja a Dilma, afirma o assessor internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, atualmente em férias, dedicado à campanha de Dilma Roussef à presidência. Ele repete a explicação oficial para a surpreendente ausência do ministro da Fazenda, Guido Mantega, na reunião de ministros do G-20, no fim de semana, em Seul: não é nenhuma mensagem crítica aos governos do G-20; o ministro apenas ficou no Brasil para acompanhar a repercussão das medidas contra a valorização do real.

Na foto oficial do encontro na Coreia, a segunda cabeça, atrás do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, é do competente diplomata Marcos Galvão, assessor internacional de Mantega, que representou o Ministério da Fazenda. O relato otimista de Galvão às autoridades que permaneceram no Brasil mencionou avanços no encontro, a começar pelo aumento de poder do Brasil nas instituições multilaterais. O Brasil, que na reforma recente das cotas do Fundo Monetário Internacional havia subido de 18º cotista a 14º, agora será o 10º país em poder de voto no FMI. O comunicado final do encontro também incorpora outras importantes reivindicações levantadas por Mantega.

Classificada pelo governo de coincidência infeliz, a ausência simultânea de Mantega e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, provocou surpresa e boatos na Coreia, e é um gesto contraditório, a menos que a situação da economia brasileira seja mais grave do que parece. Afinal, as autoridades que enviaram um substituto para ocupar a cadeira do Brasil na reunião da Coreia costumam lembrar com entusiasmo da participação no G-20 como demonstração do peso conquistado pelo Brasil nos mecanismos de governança global. Meirelles alegou impossibilidade física de participar do G-20, porque no Brasil presidiria a reunião do Copom que decidiu manter as taxas de juros.

Lula quer se despedir na reunião de chefes de Estado na Coreia

Na sexta-feira, quando começava o encontro na Ásia, Marco Aurélio Garcia passou rapidamente pelo Palácio do Planalto e teve uma breve conversa com Lula, mais voltada a assuntos de política interna. Não falaram do G-20. Mas Garcia garante que Lula tem interesse especial na reunião de 11 de novembro dos chefes de Estado do grupo - que reúne as economias mais influentes do planeta. Lula quer despedir-se na Coreia. Fará um balanço da política externa e pretende cobrar dos países do G-20 compromisso com uma saída coordenada da crise.

Falando antes do fim do encontro em Seul, Garcia ainda lamentava a incapacidade do G-20 em lidar com os problemas na economia mundial. Após a reunião, autoridades da equipe econômica estavam bem mais otimistas. Esperavam boas notícias na manhã desta segunda-feira, quando os mercados na Ásia já terão reagido ao comunicado divulgado no sábado. No fim de semana, especialistas previam uma resposta morna, mas com queda do dólar, já que o pior cenário, de impasse, não aconteceu mas não está claro como serão concretizados os compromissos dos ministros.

Com apenas duas páginas, após 12 horas de intensa discussão, o comunicado da Coreia não traz nenhuma palavra à toa. No documento (encontrado na internet, no endereço http://is.gd/ggmEN), uma autoridade brasileira que acompanhou as negociações indica como fundamentais os parágrafos dois e quatro, que tratam das política cambiais e das medidas de controle do sistema financeiro. Numa referência indireta à China, por exemplo, os ministros, que nas declarações anteriores falavam em políticas cambiais orientadas pelo mercado, agora dizem que buscarão sistema de câmbio determinado pelos mecanismos de mercado e evitarão desvalorizações competitivas. Mais uma vez, comprometem-se a evitar disseminação de medidas protecionistas.

Em referência às políticas de emissão de dólares dos EUA, que alimentam fluxos perigosos de investimento a economias emergentes como o Brasil, o comunicado diz que as economias avançadas, inclusive aquelas com moedas de reserva, serão vigilantes contra volatilidade excessiva e movimentos desordenados nas taxas de câmbio.

Os ministros rejeitaram a proposta americana de fixar limites para superávits ou déficits nas contas externas dos países, mas o texto final diz que os governos fixarão diretrizes indicativas (indicative guidelines) para os desequilíbrios nas contas e prevê avaliações periódicas dessas metas, com apoio do FMI. O fundo também é convocado a fiscalizar os efeitos internacionais (spillover impact) das políticas macroeconômicas nacionais. O documento, para satisfação do governo brasileiro, faz forte defesa da coordenação dos países.

O maior poder do Brasil no FMI é uma conquista que, porém, só deve valer após 2012, quando se imagina concluir as mudanças. Antes disso, os chefes de Estado terão de esclarecer, em novembro, como evitarão que o comunicado divulgado no fim de semana fique, na história, como uma carta de boas intenções não realizadas.Valor

2 comentários:

  1. AMIGOS NAVEGANTES TEMOS QUE TOMAR CUIDADO COM AS 72 HORAS ANTES DA ELEIÇÃO ,É JUSTAMENTE ESSE O MOMENTO QUE O POVO DE SERRS AGE COM TERROR ,A MENTIRA,E A CALÚNIA,ELES SÃO MAQUIAVÉLICOS.VÃO FAZER DE TUDO E O POVO TEM QUE FICAR SABENDO DISSO ANTES.SERIA BOM LULA AVISAR O POVO NO PROGRAMA DA DILMA,JUNTO COM ELA,POIS PODE SE REPETIR O QUE ACONTECEU NO PRIMEIRO TURNO.ELES TEM ESSAS ARTICULAÇÕES SOMBRIAS ANTES DAS ELEIÇÕES E O PIG AJUDA MUITO A ELES.VAMOS FAZER UM MANIFESTO SOBRE O PIG E AS 72 HORAS ANTES DAS ELEIÇÕES É IMPORTANTE.

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  2. Lula vai aproveitar a viajem com seu sucessor e passar-lhe as mãos a mala contendo todos os códigos de seu arsenal de bolinhas de papel.

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