O deputado federal Antônio Pedro de Siqueira Índio da Costa (DEM-RJ) será o vice de José Serra (PSDB) na disputa à Presidência da República. Relator do projeto Ficha Limpa na Câmara Federal, a opção contornaria o impasse em que estava colocada a chapa entre tucanos e o DEM.
O anúncio foi feito no início da tarde desta quarta-feira (30) por lideranças do partido. O fato de ele ser jovem e ser do terceiro maior colégio eleitoral do país pesaram na decisão. Na semana passada, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) chegou a admitir ter sido convocado a ocupar a posição, mas voltou atrás. A pressão do DEM pela vaga forçou o adiamento da convenção nacional da legenda, programada para esta quarta-feira (30), prazo limite estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a definição dos candidatos.
A certeza de que Alvaro Dias não seria o indicado ocorreu na terça-feira (29), quando seu irmão, o senador Osmar Dias (PDT-PR), anunciou a decisão de subir no palanque da adversária, a candidata do PT, Dilma Rousseff. Ele deve concorrer ao governo do Estado.
Ao ser aclamado, Índio da Costa prometeu trabalhar a favor do Brasil. “Essa candidatura é do Brasil. A gente precisa ganhar a eleição não é porque o Democratas ou o PSDB precisa chegar ao poder. Serra precisa ser presidente porque ninguém aguenta mais que tratem a coisa pública como estão tratando”, afirmou.
A notícia repercutiu rapidamente na internet. O blog Os Amigos do Presidente Lula lembra que Índio da Costa foi genro do banqueiro Salvatore Cacciola, condenado a 13 anos de prisão pelos crimes de peculato e gestão fraudulenta. Cacciola comandou o esquema em que o Banco Central vendeu dólar mais barato ao Marka e ao FonteCindam, gerando um prejuízo estimado em R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos. Costa deixou Rafaella Cacciola, casou-se novamente e outra vez separou-se.
O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que esperava que Dias fosse o vice na chapa, disparou rapidamente acusações por meio de seu Twitter. “Foi oportunismo do DEM forçar a vice. Quis lavar a cara no prestígio de Serra”, afirmou, horas depois de ataques a César Maia e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Aos 39 anos, Costa ganhou projeção nacional no início do ano ao assumir a relatoria do projeto Ficha Limpa na Câmara. O texto, de iniciativa popular, colheu 1,6 milhão de assinaturas e foi encaminhado no Congresso como uma medida moralizadora da política. A opção por seu nome indica um interesse em associar a candidatura de oposição à ideia de transparência.
Inicialmente, ele teve como padrinho político o ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM), pai do presidente da legenda, deputado Rodrigo Maia (RJ). De 2001 a 2006, em gestões de Maia, Costa foi secretário de Administração. Esta é outra passagem controversa do currículo do atual deputado. Uma CPI instaurada na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro concluiu que houve desvio de verba de merenda escolar durante o período de gestão de Costa. O blog Tijolaço, do deputado Brizola Neto (PDT-RJ), lembra um prejuízo de R$ 75 milhões entre 2005 e 2006 com superfaturamento de contratos.
Antes da passagem pela prefeitura, Costa havia sido eleito para três mandatos a vereador. Atualmente, cumpre sua primeira Legislatura na Câmara Federal. Ele volta seu mandato a questões relacionadas à transparência na política.Anselmo Massad, Rede Brasil Atual
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