O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci firmou-se como o principal interlocutor com os mercados financeiros da pré-candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, durante sua apresentação a investidores em Wall Street na semana passada.
Discreto, Palocci desembarcou em Nova York no começo da semana passada, dois dias antes da chegada de Dilma, para se reunir com representantes das principais instituições financeiras, como o Blackrock. O ex-ministro não deu muitos detalhes sobre sua agenda em Wall Street. "Só vim para ouvir as preocupações e avaliações do mercado", afirmou.
O Valor conversou com alguns dos investidores que se encontraram com Palocci. "Ele respondeu às nossas perguntas, explicando como será a economia num governo da Dilma", afirmou o gerente de risco de um banco europeu com forte presença em Wall Street. "Palocci falou em nome da campanha da Dilma."
O ex-ministro mostrou ter bom trânsito com os mercados. Ele entrou no evento promovido pela BM&F Bovespa, no qual Dilma fez uma palestra, conversando com o banqueiro Bill Rhodes, do Citibank, que nos anos 80 foi o renegociador da dívida externa brasileira e hoje, aposentado, segue como um privilegiado consultor do alto comando do banco.
Dilma, em sua apresentação, fez questão de prestigiar Palocci, sinalizando afinidade de pensamento. Primeiro, afirmou que a resistência da economia brasileira à crise internacional devia-se à boa administração macroeconômica do ex-ministro. "Sem sombra de dúvida, o ministro Palocci foi quem introduziu essa agenda dentro do governo Lula", afirmou a pré-candidata. "Buscamos simultaneamente o controle da inflação, o equilíbrio fiscal com redução do endividamento e o aumento da robustez externa através do câmbio flutuante."
Mais adiante, Dilma voltou a se referir a Palocci como responsável pelo avanço da chamada agenda microeconômica, com reformas no setor da construção civil, crédito imobiliário, quebra do monopólio dos resseguros e nova lei de falências de empresas.
"O que a Dilma falou na apresentação foi bem em linha com o que ouvimos do Palocci dias atrás", disse ao Valor William Landers, diretor do Blackrock. "A Dilma parece ter sido bem instruída por Palocci sobre o que o mercado queria ouvir", afirmou o diretor de risco de um banco americano.
A proximidade entre Dilma e Palocci também ficou clara para quem estava na plateia. "Eles parecem bastante afinados, o que é muito bom", afirmou o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros. "O Palocci é um craque."
Dilma também procurou associar sua imagem ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, considerado pelos mercados um fiador da estabilidade macroeconômica. Na quinta-feira, ela participou de um jantar de gala em homenagem a Meirelles promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. "Estou muito feliz pelo Meirelles", disse, na entrada do evento. Valor Econômico
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