O programa eleitoral do PT que foi ao ar ontem consolida um novo momento na campanha de Dilma Rousseff à Presidência. Sem poder fazer carreatas e comícios públicos, a propaganda - a primeira desde que Dilma deixou o cargo de chefe da Casa Civil - serviu para deixá-la mais conhecida perante o eleitorado brasileiro e tornou-se o ponto máximo dessa primeira etapa da campanha, que se encerra com a convenção nacional de 13 de junho, a ratificação da vice-presidência para Michel Temer (PMDB-SP) e a definição das alianças estaduais.
Na propaganda, Lula aparece mostrando o quanto Dilma foi importante para o seu governo. Nesta semana, a petista deu a senha ao afirmar, em Porto Alegre, que ela era "o governo Lula". O Presidente confirmou esse raciocínio ontem, enaltecendo a competência, política e administrativa, da sua principal auxiliar no governo. E apresentou à população, pela primeira vez oficialmente, Dilma como sua pré-candidata - para petistas, o lançamento da pré-candidatura em fevereiro foi um ato interno do partido.
A propaganda também apresentou uma trajetória pessoal, administrativa e política de Dilma. Sua infância em Minas, a militância política durante o período da ditadura e a carreira administrativa, iniciada em Porto Alegre, nas gestões do pedetista Alceu Collares (quando foi secretária de Fazenda) e do petista Olívio Dutra (secretária de Minas e Energia), até a chegada em Brasília, durante o governo de transição, em 2002. As gravações, tanto em Minas quanto no Rio Grande do Sul, foram feitas em total sigilo, para evitar vazamentos - os políticos aliados nos estados sequer foram avisados da presença da candidata.
O Presidente comparou a trajetória de Dilma, que ficou três anos presa, com a do líder sul-africano, Nelson Mandela, que passou 27 anos na prisão.
Um petista próximo de Dilma lembrou que existem eleitores que desconhecem, por exemplo, que ela foi ministra de Minas e Energia até 2005, quando foi convidada pelo presidente a assumir a Casa Civil. "Essa trajetória precisa ser reforçada no imaginário da população", reforçou um integrante do governo. O PT quer também reforçar, com o programa, a ideia de que Dilma tem competência e qualificação para pleitear o cargo.
Se Dilma foi a grande estrela da propaganda - como foi do governo, segundo a mensagem transmitida - o horário político serviu também para mostrar o país que o PT ajudou a construir. Foram reforçadas as políticas sociais, de inclusão e a estabilidade econômica gerada a partir de uma administração séria - e que merece ter continuidade, na opinião dos idealizadores da peça publicitária.
Pela campanha, Dilma fará, na semana que vem, a primeira viagem internacional. Ela estará em Nova York nos dias 20 e 21. No primeiro dia, participará de uma homenagem ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Na sexta-feira, terá um almoço com investidores .
Após as convenções partidárias de junho, na avaliação dos estrategistas políticos da campanha de Dilma, começará a segunda etapa da campanha: os comícios e a carreatas autorizados pela Justiça Eleitoral, quando o contato com o eleitorado se tornará mais intenso. É o momento de testar a oratória e o poder de aglutinação da candidatura. Já o terceiro momento - posterior à Copa do Mundo, quando tudo vai ficar em um ritmo mais lento - inicia-se em agosto, quando começa a propaganda eleitoral gratuito, momento em que as propostas de governo serão debatidas de forma mais intensa.
A expectativa de políticos da campanha é que a pesquisa da empresa Vox Populi, registrada no TSE para ir a campo hoje, já retratará efeitos positivos do programa do PT para a candidata.
Acho ter entendido. A grande mídia incomodou-se com Lula por comparar especificamente Dilma com Mandela, sobretudo porque a comparação leva ao insconsciente de muitos de nós como comparados a Mandela. Sim, todos que lutaram de alguma forma contra a prepotência e arrogantes, e quem ainda luta para sobreviver em condições desfavoráveis pela submissão à "elite branca" tem um pouco do ímpeto de Mandela. Assim, milhões de brasileiros sentiram-se próximos de Mandela pela intuição, mesmo sem consciência nítida, de serem Mandela de alguma forma.
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