quinta-feira, 25 de março de 2010

Sem militância, PSDB treina contratados para defender Serra

O PSDB aposta em dois instrumentos para alavancar a candidatura de José Serra a presidente em maio e junho, período em que estará fora do governo de São Paulo, mas legalmente impedido de fazer campanha. Um deles é o programa de formação de militância voluntária "Comunicar 45" - já em curso nos Estados -, cuja meta é treinar 100 mil filiados para atuar de forma organizada nas comunidades. A outra arma será a concentração de programas e comerciais de partidos aliados no rádio e na televisão nos últimos 45 dias da pré-campanha.

Ao todo, Serra terá a seu serviço quatro programas nacionais de propaganda partidária de dez minutos cada - DEM (27 de maio), PPS (10 de junho), PSDB (17 de junho) e PTB - este ainda em fase de negociação da aliança - (24 de junho). Além disso, serão 160 minutos de inserções comerciais no mesmo período. A propaganda eleitoral não é permitida nesse período, mas Serra aparecerá como liderança tucana, transmitindo a mensagem do partido. O programa do PT será na primeira quinzena de maio.

O "Comunicar 45" é um programa para formar "multiplicadores", militantes treinados para defender o PSDB e a candidatura de Serra. Em aulas de um dia (dois turnos), o aluno aprende a história dos últimos 16 anos do PSDB e que o governo Luiz Inácio Lula da Silva tem êxito porque manteve realizações econômicas e sociais de Fernando Henrique Cardoso. A ideia é criar uma rede de militantes com um discurso claro para difundir em sua comunidade.

Outra meta do programa é ensinar o aluno a usar a internet a favor da campanha. No próximo sábado, os instrutores do PSDB darão o curso em São Paulo, para formar 100 "multiplicadores" - que, depois, em duplas, formarão novos "multiplicadores" a cada semana e assim progressivamente. É apresentada uma palestra do presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e uma de Serra, motivando a militância. Há exposição em "power point".

"A lógica não é ficar preso no passado. É retomar o que foi feito pelo PSDB e confrontar com o que está sendo feito para lançar as perspectivas do futuro. É um resgate do que o PSDB realizou, defende e pretende", disse o coordenador pedagógico, o cientista político André Regis, presidente do Instituto Teotonio Vilela (órgão de estudo do PSDB) de Pernambuco.

O "Comunicar 45" já treinou instrutores em Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia, Piauí e Maranhão. A intenção é realizar em todo o país, com concentração de "multiplicadores" em cerca de 400 municípios eleitoralmente estratégicos.

O presidente do PSDB reuniu ontem no Senado parlamentares dos três partidos aliados para discutirem o ato de lançamento da pré-candidatura de Serra, em Brasília, em 10 de abril, que está sendo chamado de "Encontro Nacional do PSDB, do Democratas e do PPS". A determinação é que os parlamentares não levem "militantes profissionais" (pagos) para encher o auditório do Centro de Eventos Brasil 21. É estimada a presença de duas mil pessoas, entre prefeitos, vereadores, deputados, lideranças locais, empresários e representantes da sociedade civil. "A gente quer representação de qualidade", afirmou Guerra. Serão poucos discursos, provavelmente de Serra, dos presidentes dos três partidos aliados e de uma mulher. O aluguel do espaço custa ao PSDB R$ 18 mil. Os detalhes da organização ainda não estão definidos.

No encontro dos parlamentares dos três partidos, fechado à imprensa, houve críticas - principalmente do DEM - em relação ao encontro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC), pré-candidato a governador. Guerra minimizou. Disse que os dois são amigos. Confirmou que está sendo negociada uma aliança nacional com o PSC, mas negou que esteja havendo acordo para Roriz dar palanque a Serra no DF. "Nenhuma pessoa de bom senso vai mexer com isso agora. Aqui em Brasília quem faliu não foi o DEM, foi a política", disse Guerra. Roriz é adversário do ex-governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), preso e cassado por denúncias de envolvimento em uma rede de corrupção na capital.

Entre o dia 10 de abril e o início da campanha, em julho, Serra viajará pelo país, fazendo palestras e tendo contato com lideranças da sociedade para apresentar suas ideias e conhecer cada realidade. Com as viagens, a ação dos "multiplicadores" e a programação partidária na televisão e no rádio, o PSDB espera reverter o esperado crescimento das intenções de voto da ministra Dilma Rousseff em próximas pesquisas.

Ontem, Serra foi a Minas para reunir-se com o governador daquele Estado, Aécio Neves (PSDB). Os dois tucanos, que renunciarão aos seus governos na próxima semana para disputar, respectivamente, a Presidência e provavelmente o Senado, assinaram protocolos de cooperação nas áreas tributária e de administração penitenciária. Sem a divulgação de nenhum ponto concreto dos convênios, o encontro teve importância simbólica: ambos queriam marcar proximidade depois do processo de disputa interna, vencido por Serra. Foi a última vez que os dois se encontraram na condição de governadores, como ressaltou Serra: "É a minha última saída de São Paulo como governador, e para mim é muito grato fazê-lo vindo a Minas, Estado com o qual São Paulo tem tanta relação e esse governador com quem tenho proximidade." Aécio reuniu 19 prefeitos da região metropolitana de Belo Horizonte. Serra cumprimentou-os um a um e recusou-se a responder a jornalistas.

Em São Paulo, Serra enfrentou o protesto de professores, em greve há três semanas. A manifestação, com cerca de 60 professores, terminou em conflito e a Polícia Militar prendeu quatro professores do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), em Franco da Rocha, Região Metropolitana de São Paulo. Os policiais agrediram os manifestantes com golpes de cassetete e jogaram spray de pimenta contra eles. (Colaborou César Felício, de Belo Horizonte. Com agências noticiosas)

Um comentário:

  1. Será que pode ocorrer como RGS, quando Dona Yeda ficou sem dinheiro para pagar os "militantes"? Se Serra arranjar 1000 militantes, quanto isso vai custar? E não é para eleição da prefeitura, nem do estado. Donde virão a grana toda? 4 meses pagando 500 reais, dá 2 milhões, isso só para 1000 "militantes prifissionais". Que tal essa, inovação de gestão dos tucanos, uma nova profissão: militantes partidários profissinais, com contrato temporário.

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