PAC em Osasco (SP): Rua Morada dos Sonhos vira realidade

Morada dos sonhos deixou de ser força de expressão para o líder comunitário Cláudio dos Santos Almeida. Nascido em 1973 na Vila Vicentina, região sul de Osasco (SP), ele chegou a acreditar que nunca chegaria o dia em que teria um endereço próprio.

Cláudio diz que foram “décadas de promessas” até que ele e seus vizinhos vissem as casas de madeirite se transformarem em prédios de apartamentos. Nesta quinta-feira (25), depois de 36 anos de espera, ele recebeu as chaves de sua residência das mãos da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

O presidente Lula e o prefeito de Osasco, Emidio de Souza (PT), também participaram da cerimônia de entrega das 178 moradias que fazem parte da primeira etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a região.

“Era como se a gente tivesse na UTI e ninguém acreditasse que a gente podia ter cura. Vocês não entregaram somente casas para a gente. Vocês entregaram a nossa dignidade. Hoje eu tenho orgulho de dizer que moro na rua Morada dos Sonhos, bloco 43-B, Vila Vicentina, Osasco, São Paulo”.

O governo federal investiu R$ 17,6 milhões nesta primeira fase das obras. A contrapartida da prefeitura somou R$ 9,9 milhões.

Além das moradias, os recursos foram usados para a pavimentação de ruas, urbanização da área e implementação da rede de saneamento básico (esgotamento sanitário, abastecimento de água e drenagem de águas pluviais).

“Hoje é um momento especial, porque nós estamos vivendo a experiência de ver o que significa, no Brasil, a pessoa ter acesso à moradia”, afirmou a ministra. “Cada um de nós tem seu nome e seu sobrenome. Isso é a nossa identidade. Mas a gente precisa ter também onde morar. O nosso endereço é muito da nossa identidade. Porque lá você tem o seu lar, o lugar onde você cria os filhos e onde você estabelece as suas relações afetivas.”

O prefeito de Osasco ressaltou que a realização das obras só foi possível graças à parceria entre o governo federal e a prefeitura. “Em 40 anos, o Brasil teve nove presidentes e Osasco teve oito prefeitos. Mas só agora conseguimos realizar o sonho dos moradores da Vila Vicentina”, disse Emidio.

De acordo com a prefeitura, a segunda etapa já está em contratação junto à Caixa Econômica Federal. Além da entrega de outras 94 moradias, estão previstas a implantação de uma quadra de esportes, praça e espaços de lazer e convivência.

“No centro do governo Lula está o povo brasileiro. O povo brasileiro não está mais atrás, não está mais esperando as coisas melhorarem para ter acesso à riqueza. Ele está tendo agora. O Brasil só pode avançar fazendo com que cada de vocês avance junto”, destacou a ministra.

Pavimentação e saneamento básico

No chão hoje calçado por paralelepípedos passava o córrego que circundava as ruas de terra de Vila Vicentina. Mesas, plásticos, embalagens e até sofás eram constantemente jogados nas águas. Em épocas de chuvas, o córrego enchia com a rapidez de um rio caudaloso e o entulho alastrava-se pela casa dos moradores que há 40 anos vivem na região.

“Fui vítima de seis enchentes, perdi seis geladeiras e muitos móveis aqui. Quando começava a chover, a gente logo corria para levantar fogão, rádio, televisão, e tentar salvar alguma coisa”, conta Maria José de Souza, que saiu do Maranhão para morar na Vila Vicentina. “Tinha um irmão que já morava aqui, então, eu vim para trabalhar em São Paulo e fui ficando”.

Vinte seis anos depois, ela comemora a nova vida livre das enchentes e dos ratos que, junto com o lixo, sempre invadiam a casa dela. Moradora de um dos blocos dos apartamentos recém-inaugurados, ela terá como vizinho Luciano, um de seus oito filhos.

“Aqui era tudo mato, lixo e esgoto na porta da gente. Eram tantos ratos na nossa casa que eles já eram até amigos dos gatos”, brinca Maria José. “Agora vai ser tudo diferente. É uma vitória, porque temos ruas calçadas, água e esgotos tratados.”

Conquista do próprio endereço

A dona-de-casa Rosalina Francisca, também contemplada pelo projeto, diz que a maior satisfação é poder ter um endereço. “A gente sofreu muita discriminação porque morava na favela. Teve épocas em que queriam até fazer abaixo-assinado para nos tirar daqui. Agora quem antes reclamava está morrendo de vontade de morar aqui”, conta. “Mas o melhor é que a gente não precisa mais dar o endereço do vizinho porque temos o nosso próprio endereço”.