Do Terra Magazine:
Chefe de três ministérios nas duas gestões consecutivas do presidente Lula, Tarso Genro mede o desempenho da administração petista com o termômetro da oposição. Segue a entrevista:
Terra Magazine - Como o senhor analisa o cenário da disputa pelo governo do Rio Grande do Sul?
Tarso Genro - A disputa, aqui no Rio Grande do Sul, terá fatalmente o candidato do Partido dos Trabalhadores no segundo turno. Não somente pela tradição e pela força política que nós temos aqui, mas também pelos efeitos positivos que o governo Lula teve sobre o Estado, embora o Estado esteja em crise financeira, em crise econômica bastante intensa, em função da inépcia do governo estadual para enfrentar as grandes questões que o Estado ainda tem que resolver.
Quais devem ser seus principais adversários?
É difícil imaginar. A governadora tem uma coalizão de partidos que inclui até o PMDB, que é peça-chave no governo dela. E, de outra parte, o PMDB está pensando em lançar também uma candidatura que não é da governadora. Eu diria que é uma crise de definição política do campo conservador aqui, em função da dubiedade do PMDB, que sempre foi hostil ao governo do presidente Lula.
Esse dilema define campos muito claros aqui no Rio Grande do Sul. Ou seja, um campo em torno do governo do presidente Lula, que tem apoio forte no Estado, e um campo mais conservador, de oposição ao governo Lula. O PMDB sempre foi o chefe deste campo, aqui no Estado.
O senhor acha que esta divisão facilita sua candidatura e cria até uma perspectiva de vitória no primeiro turno?
Não, é muito cedo para dizer a que nível facilita e a questão de ter segundo turno. Isso apenas reforça nossa tese de que a nossa candidatura é forte e competitiva.
Sua candidatura deve se aliar a que partidos?
Queremos que esteja conosco o PC do B, o PSB, estamos lutando para que o PDT também nos apoie e participe da chapa majoritária, PR, PRB. Estamos trabalhando neste sentido. Agora, a política de alianças ainda não está definida, aqui no Estado. Tem uma soma de partidos que nós achamos que temos possibilidade de compor, nós vamos fazer. Nós vamos ter um bom tempo de televisão no primeiro turno. E vamos ter uma campanha muito forte, com muito enraizamento na parte social do PT e dos nossos aliados.
Como fica essa questão de uma composição diferente no Rio Grande do Sul, em relação à aliança do PMDB para apoiar o PT nas eleições presidenciais?
Não há problema. Se o PMDB quiser apoiar a Dilma, nós gostaríamos que apoiasse. Agora, não há nenhum sintoma disso. O PMDB aqui sempre foi um partido de centro-direita, sempre foi oposição ao governo Lula. Ontem, à noite, vários deputados do PMDB já manifestaram que não vão apoiar a candidatura Dilma. Isso demonstra exatamente aquela tese que defendemos na primeira pergunta que tu me fizeste. Ou seja, que o PMDB aqui é um partido que está comprometido com a Yeda e com o (governador paulista José) Serra.
Em relação à pré-candidata e ministra Dilma Rousseff, de que forma o senhor, que a conhece desde a participação dela aí no Rio Grande do Sul, observa a candidatura de continuidade do governo e as críticas da oposição?
A ministra Dilma foi indicada pelo presidente da República de maneira correta, na minha opinião, porque era a única pessoa que tinha condições de unificar o partido para nos levar à vitória. Ela demonstrou ser uma grande gestora, demonstrou ser uma pessoa capaz e tem uma enorme respeitabilidade dentro da esquerda. E, nos sete anos em que ela está com o governo do presidente Lula, ela assumiu todos os compromissos que o presidente simboliza hoje para o País. Portanto, é uma candidatura muito oportuna, muito correta.
Sobre as críticas, é porque a oposição esperava que o governo do presidente Lula não fosse melhor do que o primeiro. Mas eles estão perplexos, o segundo governo do presidente Lula é muito melhor do que o primeiro. E seu prestígio é maior. Isso dá autoridade para ganhar as eleições e manter nosso projeto como hegemônico no País.
Agora, sobre seu recente trabalho como ministro da Justiça, existe algum ponto do terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos que o senhor faz questão que seja mantido?
Não, acho que o plano, em geral, é muito bom, reflete exatamente o desejo da sociedade brasileira, é democrático, é conciliatório. Se algum ajuste o presidente Lula acha que deseja fazer, evidentemente nós devemos obedecer a orientação do presidente. Mas a essência do plano é o correto, é um plano que coloca o Brasil de bem com todas as convenções internacionais sobre o assunto e numa posição de respeitabilidade em relação aos tratados e convenções internacionais sobre a matéria.
Como o senhor recebeu e lida com a possibilidade de o ministro da Defesa e os comandantes das Forças Armadas se demitirem por causa de trechos do Plano Nacional de Direitos Humanos?
Aquilo ali, eu diria que são dores normais do parto democrático no Brasil. Não acho que houve qualquer ameaça séria às instituições nem quando da apresentação do plano nem quando houve uma crítica do ministro (da Defesa, Nelson) Jobim sobre o assunto. Nosso governo é de coalização, não tem unidade ideológica completa e não tem, inclusive, uma visão uniforme, entre todos os ministros, a respeito do que aconteceu durante o regime militar.
Esse Plano de Direitos Humanos representa o sentido maior da política de direitos humanos recomendada pela ONU e pelas grandes entidades internacionais. E representa uma visão crítica radical da ditadura. Nem todo mundo tem a mesma posição, no governo, sobre o conteúdo do plano. Então, eu diria que é normal. Nosso governo não é um governo revanchista nem um governo de extrema esquerda, é um governo democrático, de centro-esquerda, e que tem um presidente que arbitra as questões quando elas se tornam polêmicas.
A Oposição está tonta por que sabe que vai tomar uma SURRA e espero que nunca mais se recupere.
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