O Presidente Lula dará posse coletiva, amanhã, aos ministros de Estado que substituirão os que saem para concorrer às eleições de outubro. Em situação indefinida, porém, ainda se encontram, hoje, véspera da desincompatibilização, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles e os ministros Patrus Ananias e Pedro Brito. A situação de Meirelles é a que mais chama a atenção. O presidente do BC sairia para se candidatar a um cargo majoritário por Goiás ou a vice-presidente na chapa da ministra Dilma Rousseff, opção que mais desejava. Teve uma conversa com o presidente Lula, na sexta-feira que, segundo informam assessores do Planalto, não foi conclusiva. Voltam a discutir o assunto hoje.
Todos os ministros que deixam o cargo para disputar as eleições de outubro têm se beneficiado de programas do governo federal e de iniciativas tomadas em seus domicílios eleitorais que os colocam em vantagem na disputa com os opositores.
Alfredo Nascimento, dos Transportes, direcionou recursos para as hidrovias do Amazonas e lidera com certa folga a disputa pelo governo estadual. Tem entre 45% e 48% nas pesquisas de intenção de voto para o governo. Além das verbas para as hidrovias, Nascimento ganhou prestígio junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao decidir reassumir a presidência do PR nacional para consolidar o apoio do partido à campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff.
Edison Lobão, ministro de Minas e Energia e candidato ao Senado, conseguiu incluir no PAC 2 a refinaria premium da Petrobras no Maranhão. Ele está com a reeleição praticamente garantida para o Senado amparado em dois padrinhos poderosos: o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-MA) e Lula. Usou bem o prestígio político para levar a refinaria, que vai refinar 1/3 do petróleo produzido no país, para o Maranhão. Outra obra perfeita para discursos em palanque é a construção da usina de Estreito, na divisa entre o Maranhão e Tocantins. Até dezembro de 2009, ela constava no balanço do PAC com um percentual de 81% de construção.
Tarso Genro, que deixou o Ministério da Justiça no início de fevereiro, visita os agricultores do interior do Rio Grande do Sul com a planilha de liberação de verbas do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) a tiracolo. A vantagem que Genro mantém em relação a seus adversários não é tão folgada. Na pesquisa Methodus divulgada há duas semanas, ele aparece com 37,6% das intenções de voto ante 30,9% do atual prefeito de Porto Alegre, José Fogaça. Mas reconhece que a cartilha de ações do governo federal ajuda a abrir portas em um Estado que ainda demonstra resistência ao PT. "A atuação do governo Lula durante a crise econômica me auxilia no diálogo com os empresários. Provou que eles não precisam ter medo do PT", disse Genro, que no fim de semana reuniu-se com representantes do setor moveleiro e vitivinicultor.
Até mesmo os ministros que atuam fora do eixo de grandes obras de infraestrutura - e que na teoria têm poucas ações visíveis ao eleitorado - aproveitam as realizações de seus ministérios para conseguir votos. Candidato ao Senado, o ministro da Previdência, José Pimentel (PT), quer mostrar aos eleitores cearenses que foi ele o responsável pelo fim das filas na Previdência e pelo novo método de aposentadoria pelo qual o benefício é concedido em meia hora. "Com Tasso ou sem Tasso (Jereissati), com Ciro (Gomes) ou sem Ciro, Pimentel será o candidato do PT ao Senado", assegurou o deputado José Guimarães (PT-CE), numa referência a dois dos principais nomes da política cearense.
Minas tornou-se um caso à parte na disputa entre os ministros. Dois integrantes do primeiro escalão pleiteiam concorrer ao governo mineiro - Hélio Costa, das Comunicações, e Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social. A mais recente pesquisa divulgada pelo jornal "O Tempo" mostra Costa com vantagem na disputa particular: ele teria 47,83% das intenções de voto contra 14,92% de Patrus. Mesmo quando o nome de Patrus é substituído pelo de Fernando Pimentel (ex-prefeito de Belo Horizonte), o ministro das Comunicações mantém a dianteira: 48,36% contra 15,98% de Pimentel.
Lula já expressou aos dois petistas que Costa é o melhor candidato da base. Uma nova reunião está marcada para hoje para definir a situação. "Estamos caminhando para um nome único", admitiu Hélio Costa. Em Belo Horizonte, Pimentel - que é o nome forte da campanha presidencial de Dilma Rousseff - sinalizou que poderá concorrer ao Senado. Já Patrus, por enquanto, insiste na pré-candidatura ao governo estadual. "Ele (Patrus) desgastou-se muito, especialmente nas eleições municipais de 2008, quando foi derrotado pelo grupo de Pimentel (que lançou o atual prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, do PSB)", confirmou ao Valor um ministro próximo do presidente.
De todos os ministros, aquele que está em situação mais complicada é Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), da Integração Nacional. Apesar de ocupar uma Pasta estratégica no PAC, Geddel está apenas em terceiro nas pesquisas para o governo baiano. "A grande dificuldade dele é a briga com o governador Jaques Wagner. Como Wagner está bem avaliado pela população, Geddel tem dificuldades para reaproximar-se ou apresentar-se como alternativa viável", confirmou um petista que integra a campanha de Dilma Rousseff.
Lula já definiu que vai substituir os atuais ministros, na maioria dos casos, pelos secretários-executivos. Já marcou, inclusive, uma reunião com o novo ministério para a próxima semana. As únicas pendências são Agricultura, Comunicações e Integração Nacional.
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