A chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República, foi convidada para participar, na noite de ontem, de um jantar com deputados e senadores do PTB. O jantar foi realizado na casa do líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF) e faz parte da estratégia da campanha de Dilma de aproximá-la dos partidos aliados. Ela já se encontrou com o PDT, com o PR e deve aproveitar encontros partidários das legendas governistas, como o PCdoB para, nas palavras de um dos articuladores da campanha, formar "um exército de militantes pró-Dilma envolvendo candidatos a deputado federal e estadual".
As articulações com o PTB, contudo, não são definitivas. Gim Argello - que defende o apoio do partido à petista - afirmou que a maioria dos diretórios estaduais do partido apoia a chefe da Casa Civil, mas não há como o partido coligar-se formalmente com o PT. "Temos realidades estaduais diversas. Um apoio fechado dificultaria a formação de palanques e a presença do presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva] ao lado de vários de nossos candidatos", declarou Gim.
Ao chegar ao encontro, Dilma disse aos jornalistas que o ideal seria ter "todos os partidos da base do governo juntos na campanha presidencial. Além de parte das bancadas do PTB na Câmara e no Senado, estiveram no jantar os prefeitos de Belém, Duciomar Costa, e de Manaus, Amazonino Mendes. Pelo PT, compareceram o deputado Antonio Palocci (SP), o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o secretário-geral do partido, deputado José Eduardo Cardozo.
Outro obstáculo a uma coligação formal é a resistência do presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ). Um dos pivôs da crise do mensalão, Jefferson defende que o partido apoie a candidatura do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), à Presidência. "O secretário-geral do PTB, Campos Machado (deputado estadual por São Paulo) também é muito ligado a Serra. Forçar uma aliança com Dilma causaria constrangimento a figuras importantes da legenda", reconheceu Gim.
Pessoas próximas à ministra afirmam que é necessário que o PTB escolha a quem vai se aliar em outubro. Para fontes ouvidas pelo Valor, não adianta a bancada parlamentar reunir-se com a ministra e o partido ceder o tempo de televisão para o PSDB. Mas em 2006 a mesma cena se repetiu: a bancada de deputados e senadores apoiou a reeleição de Lula e Jefferson manteve postura de oposição ao governo federal - embora não tenha defendido, à época, uma aliança formal com o PSDB de Geraldo Alckmin, que foi o candidato tucano à Presidência da República.Valor Econômico
O líder do partido na Câmara, deputado Jovair Arantes (GO), disse que o momento é importante para que a bancada parlamentar da legenda "afine a viola". Por ser um ano eleitoral, Arantes acha fundamental que o partido demonstre coesão para firmar-se como aliado do governo Lula. Ele não quis dizer se isto significaria um apoio explícito à chefe da Casa Civil. "Eu nem sei se ela estará presente. O jantar é na casa do Gim e ele convida quem quiser".
O senador petebista nega que o partido tenha intenção de apresentar alguma demanda programática ou política para a chefe da Casa Civil, como fizeram outros aliados. O PDT, por exemplo, reforçou no encontro com a ministra a defesa da redução da jornada de trabalho para 40 horas. Já o PR exigiu que Dilma suba no palanque do ex-governador Anthony Garotinho, pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro. As negociações entre Dilma e Garotinho irritaram o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), que pretendia o apoio exclusivo da ministra em sua campanha à reeleição. Dilma decidiu subir em todos os palanques oferecidos a ela.
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