O delegado Ruy Estanislau Silveira Mello, ex-chefe da Corregedoria Geral da Polícia Civil de São Paulo e diretor do Detran até outubro de 2009, integra a lista de 800 delegados investigados no Estado.
Dos 3.313 delegados da Polícia Civil de SP, conforme revelou a Folha anteontem, 800 (cerca de 24%) são atualmente investigados pela Corregedoria sob a suspeita de vários crimes -extorsão, enriquecimento, violência, prevaricação, mau uso de dinheiro público etc.
A Corregedoria investiga se a gestão do delegado e ex-corregedor Mello à frente do Detran causou um prejuízo de R$ 30 milhões aos cofres do Estado por conta de superfaturamento em contratos firmados com a empresa Cordeiro Lopes.
A Cordeiro Lopes controla nove dos dez contratos de lacração e emplacamento de veículos hoje no Estado. A empresa só não é responsável pelos serviços na capital.
Hoje, a pedido da Corregedoria, a Prodesp (órgão de processamento de dados do Estado) faz um rastreamento das lacrações realmente feitas e as que foram pagas à empresa. Ao tomar como base o que ocorreu em Osasco, a estimativa é que a cada lacração feita, outras duas eram cobradas.
Há indícios de que o esquema seja operado em nome da "laranja" Vilma Pereira de Araújo, que aparece como dona da Cordeiro Lopes, mas investigada sob a suspeita de ser testa-de-ferro da empresa Casa Verre, a mesma que controlava o emplacamento de veículos antes da Cordeiro Lopes.
A Casa Verre apareceu em 2005 na investigação da CPI do Banestado e teve uma conta internacional rastreada pelo Ministério da Justiça. Uma das hipóteses é que a Cordeiro Lopes foi criada para manter o esquema da Casa Verre.
Assim como outros delegados que eram considerados intocáveis na polícia paulista e hoje estão em uma espécie de "geladeira", o delegado Mello está hoje na assistência da delegacia-geral adjunta.
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