Os países do hemisfério norte se preparam para combater uma possível epidemia da gripe suína nos próximos meses devido à chegada do inverno e contribuem para engordar os cofres das empresas fabricantes dos remédios que combatem a doença. O número das encomendas dos remédios Tamiflu, fabricado pela suíça Roche, e o Relenza, da britânica GlaxoSmithKline (os únicos que têm se mostrado eficazes contra os sintomas do vírus H1N1), aumentam muito e na medida em que a gripe avança pelo mundo.
Nos primeiros semestre de 2009, as vendas mundiais de Tamiflu cresceram 362% na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre janeiro e setembro deste ano, a Roche faturou, só com ele, cerca de R$ 3,4 bilhões (2 bilhões de francos suíços). E a expectativa e que as vendas do medicamento totalizem o equivalente a R$ 4,6 bilhões (2,7 bilhões de francos suíços) em 2009.
As vendas do Tamiflu começaram a crescer com o surgimento dos primeiros casos da gripe aviária (H5N1), em 2003, mas se intensificaram este ano depois de comprovados os casos de gripe suína nos Estados Unidos e México. Desde 2004, a Roche já vendeu mais de 270 milhões de caixas do remédio no mundo.
A britânica GlaxoSmithKline, embora em proporções menores, também vê seus resultados aumentarem à medida que novos casos de gripe suína são descobertos. Segunda maior empresa farmacêutica do planeta (a maior é a americana Pfizer), a fabricante registrou lucro de aproximadamente R$ 4 bilhões (US$ 2,36 bilhões) no terceiro trimestre, 11% maior do que em igual período de 2008. O resultado foi beneficiado principalmente pelas vendas do antiviral Relenza.
Inspirada nessa disparada nas vendas, a Glaxo chegou a anunciar a intenção de aumentar sua produção do antiviral para 190 milhões de doses até o final deste ano. Desde 2006, a empresa já investiu mais R$ 4,3 bilhões (US$ 2,5 bilhões) na produção do Relenza e em pesquisas para a produção de uma vacina que combata o vírus da gripe.
A vacina desenvolvida pela Glaxo para combater a gripe suína, a Pandemrix, foi aprovada pela Comissão da União Europeia no final de setembro. Os primeiros lotes da vacina começaram a ser produzidos em junho de 2009, de acordo com o laboratório. O anúncio oficial foi feito no dia 22 de julho pelo presidente da empresa, Andrew Witty, que garantiu na época já ter recebido encomendas de 195 milhões de doses da vacina contra o vírus H1N1 de 16 países. E a expectativa era de aumento das encomendas a partir de setembro.
Mas a Glaxo não é a única empresa na corrida pela produção de uma vacina contra a doença. Na lista também estão a suíça Novartis, a francesa Sanofi-Aventis e a americana Baxter, que já tem uma vacina pronta, e a Celvapan.
No caso da Novartis, os testes da vacina com seres humanos começaram em julho. A Sanofi-Aventis vive situação semelhante e pediu uma autorização para testar a sua vacina também no mercado norte-americano. Já a Baxter concluiu em julho a produção dos primeiros lotes da vacina Celvapan.
- As vendas de vacinas vão injetar mais alguns bilhões no caixa das companhias farmacêuticas nos anos de 2009 e 2010, escreve a revista alemã Der Speigel em reportagem sobre o lucro gerado pelo surto de gripe suína ao redor do planeta. Países como os Estados Unidos e a Inglaterra estão dispostos a pagar pelo menos R$ 18,2 por dose, valor parecido ao que é cobrado por cada caixa dos medicamentos Tamiflu e Relenza.
Pesquisa do banco de investimento norte-americano JPMorgan Chase divulgada em julho estimava que quase 600 milhões de doses de vacinas contra a gripe suína já tinham sido encomendadas, o equivalente a R$ 7,5 bilhões (US$ 4,3 bilhões) em vendas.
No Brasil, foram registradas 899 mortes pela gripe suína até o início de setembro, o que coloca o país no quinto lugar no ranking em número de óbitos. Mas a previsão é de redução dos casos da doença com a proximidade do verão. A tendência é que a doença migre para os Estados Unidos e Europa, em razão da temporada de inverno nas regiões.
A secretária de Saúde norte-americana, Kathleen Sebelius, anunciou nesta semana que governo dos EUA acelerou a produção e a distribuição de vacinas contra a nova gripe para responder à crescente demanda.Do R7
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