O Ministério Público Estadual de Goiás denunciou o vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), à Justiça após investigação sobre desvio de dinheiro e suspeita de caixa dois eleitoral no período em que ele foi governador do Estado (1999-2006). Perillo é acusado de improbidade administrativa por ter autorizado a contratação de uma fundação do Rio de Janeiro para prestar serviços de consultoria à Celg, a empresa goiana de energia.
Ao quebrar o sigilo da fundação e de empresas envolvidas na transação, o Ministério Público descobriu que parte do valor do contrato, de R$ 4,5 milhões, voltou para Goiás e teve como um dos destinatários o empresário Janides de Souza Fernandes, que foi presidente do extinto Banco do Estado de Goiás (BEG) durante o governo do tucano. De acordo com a denúncia, à qual o Estado teve acesso, Fernandes recebeu em sua conta bancária R$ 561 mil.
A quebra do sigilo bancário da Pro-UniRio apontou que, do valor recebido pela entidade, R$ 1,8 milhão foram sacados em espécie, no Rio de Janeiro. Em depoimento prestado à Promotoria, uma ex-funcionária da fundação, Rita Marques dos Anjos, afirmou que esse dinheiro teria sido destinado à campanha da hoje senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) à Prefeitura de Goiânia, em 2000 - a tucana não foi denunciada. A testemunha declarou que um a avião oficial do governo de Goiás teria pousado no Aeroporto de Jacarepaguá, no Rio, para buscar o dinheiro. Perillo e Vânia negam.
A Pro-UniRio, extinta em 2002, era ligada à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Uni-Rio). Seu contrato com a Celg, a companhia energética de Goiás, foi assinado em 2000. A missão da fundação era revisar as contas da estatal e tentar melhorar seu desempenho financeiro, principalmente na área tributária. Mas, de acordo com a Promotoria, após ser contratada, a fundação terceirizou o serviço. Como governador, Perillo assinou em 16 de março de 2000 ato que abriu caminho para a contratação.
Ao rastrear o caminho dos R$ 4,5 milhões pagos à Pro-UniRio, os promotores descobriram que parte do dinheiro foi transferida para empresas controladas pela família do então superintendente da fundação, Bruno Scala Manzolillo, numa triangulação que permitiu, depois, o repasse de recursos para a Nova Fase Consultores, que, de acordo com a investigação, foi a responsável pelo serviço.
Em meio à sequência de transações, o Ministério Público detectou um saque em espécie de R$ 1,8 milhões - o dinheiro que, segundo a acusação, teria sido destinado à campanha municipal do PSDB goiano em 2000.
A denúncia, assinada pelos promotores Fernando Krebs e Abrão Amisy Neto, foi ajuizada na última sexta-feira na 2ª Vara Cível de Goiânia - como a acusação é de improbidade administrativa, segundo o Ministério Público, não teria foro privilegiado. Na seara criminal, a contratação da Fundação Pro-Uni-Rio é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal.O Estado de S. Paulo
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