domingo, 8 de novembro de 2009

Grampo pega irmão do tucano presidente do TCU

Guaracy Aguiar está no rol de investigados da PF em esquema de desvio de verba de obras no Ceará.Investigação da Operação Fumaça da Polícia Federal e do Ministério Público Federal mapeou, com quebras legais de sigilo bancário e telefônico e cópias de contratos e convênios fraudados, os caminhos do desvio de verbas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão do Ministério da Saúde que financia projetos de saneamento básico e saúde indígena.

Os relatórios indicam que a Funasa - historicamente dominada por indicações políticas e que o próprio ministro da Saúde, José Gomes Temporão, já admitiu ser um “foco de corrupção” - se transformou num balcão de negócios.

No rol de investigados está Guaracy Aguiar, irmão do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Ubiratan Aguiar. Coordenador da Funasa no Ceará entre 2007 e 2009, ele é apontado como integrante da cadeia de comando do clientelismo, liberando verbas e atestando obras inacabadas, apesar de evidências de superfaturamento, fraudes e desvios.

O presidente da Funasa, Danilo Forte, indicado para o cargo pelo PMDB, é outro que aparece nas ligações telefônicas, citado como facilitador na liberação de verbas para obras sob suspeita. Numa delas, gravada em outubro de 2008, o engenheiro Mauro Façanha conversa com um lobista sobre uma verba de R$ 4 milhões. O lobista diz que Forte estava pessoalmente empenhado na liberação do dinheiro. “O Danilo quer isso resolvido até terça-feira.”

As conversas revelam condução política na liberação dos convênios. Numa ligação com seu adjunto à época, Guaracy Aguiar se irrita ao saber que seriam liberados recursos para cidades cujos prefeitos eram aliados do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). “Agora a m. foi que eu vim saber (de) três municípios do Tasso”, diz. “Que diabo é isso, rapaz?”.

Em outros diálogos, Aguiar aparece tratando de doações a políticos do interior e cobrando pagamentos. “Eu posso mandar o Alan (um assessor) pegar aquele negócio?”, pergunta ele a um ex-deputado do Ceará. “Vamos marcar pro dia 22, quando eu tenho dinheiro”, responde o interlocutor. Aguiar nega que o dinheiro tivesse alguma relação com a Funasa.

Vila Esperança

Um exemplo dos efeitos do desvio de recursos públicos é a Vila Esperança, em Brejo Santo, no sul do Ceará. Por lá, as famílias vivem sem banheiro, apesar de a Funasa ter liberado dinheiro há quatro anos para construir os sanitários no povoado.

Na sede da cidade, a rede de esgoto ficou pela metade. Só para essas duas obras, a Funasa assinou convênios de R$ 2,5 milhões - boa parte sumiu. A PF descobriu que verbas foram desviadas a empresas de parentes de engenheiros da própria Funasa. Em Brejo Santo, a contratada foi a Alge Engenharia, que tem como sócios a irmã e o filho de Ricardo Barbosa Nunes, engenheiro da Funasa e ex-chefe da divisão de engenharia do órgão. Perícia concluiu que a obra, de R$ 1,9 milhão, foi superfaturada em pelo menos R$ 650 mil.Estado

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