A indústria brasileira retomou o crescimento da produção e do número de empregados, indica a sondagem trimestral da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Depois de três trimestres de recuo, a melhora do cenário foi puxada principalmente pelo otimismo do empresário com o mercado interno.
Os números da sondagem mostram que a crise econômica já foi em grande parte superada pelo setor, restando algum resquício apenas no segmento de máquinas e equipamentos, que têm uma reação mais lenta e ligada a novos investimentos, afirmou Flavio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da CNI.
Apesar da retomada do crescimento, a produção e o emprego ainda avançam em ritmo menor do que há um ano, antes da crise, segundo o estudo da instituição. De acordo com a sondagem da CNI, a situação financeira das empresas está melhor, mas o acesso ao crédito, apesar de ter evoluído positivamente, ainda é entendido como um problema pela indústria. "O crédito ainda não melhorou totalmente", afirma Castelo Branco.
Os estoques em excesso, que se elevaram ao longo da crise, foram, porém, praticamente eliminados. "É um bom indicativo, porque o aumento da demanda se refletirá integralmente na produção, fortalecendo a recuperação do crescimento econômico", diz o economista.
O uso da capacidade instalada continuou a crescer, mas ainda em níveis confortáveis, que não decorrem em pressão inflacionária, disse Castelo Branco. Isso significa que a qualquer sinal de maior aquecimento da demanda, os investimentos poderão ser retomados pela indústria.
O maior descompasso do setor se dá na comparação entre as visões referentes aos mercados interno e externo. Enquanto a percepção da indústria com relação à demanda nacional saltou ao longo do ano, a expectativa com relação às exportações permanece bastante negativa.
A sondagem da CNI foi feita com 1.418 empresas, sendo 198 de grande porte, 401 de médio porte e 819 pequenas empresas. A percepção de crescimento da produção e do emprego é comum para empresas dos três portes, mas o crescimento é mais acelerado entre as maiores. Hoje, as principais preocupações das empresas, de todos os tamanhos, são a competição acirrada de mercado, a taxa de câmbio, a falta de mão de obra qualificada e o alto custo da matéria-prima.
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