Integrantes do comando nacional do DEM não escondem a preocupação com a ministra Dilma Rousseff, que está acompanhada pelo Presiente Lula. Em reunião da Comissão Executiva Nacional, ontem em Brasília, dirigentes do partido admitiram que gostariam que a candidatura de oposição se definisse o mais rápido possível para neutralizar eventual crescimento da ministra nas pesquisas.
O DEM não pretende forçar o PSDB a acelerar sua opção pelo lançamento oficial do governador de São Paulo, José Serra, ou pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Mas o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), diz que tem conversado com o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), para discutir cenários políticos e expôs, na terça-feira, a preocupação em relação à movimentação de Dilma e também do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE). "A definição do lado de lá está angustiando o lado de cá", afirma Maia.
Na reunião da Executiva do DEM, dirigentes reconheceram que o cenário político do País sofreu alterações nos últimos meses e avaliam que a oposição precisa se preparar para esse novo momento. "Há seis meses, Dilma estava se tratando de uma doença e não fazia campanha. Agora, ela se recuperou e está na rua. A conjuntura está mudando muito rápido. E hoje está bem diferente da que tínhamos em março", diz Maia.
Setores do DEM avaliam que a demora em confirmar o candidato da oposição abre espaço para consolidação da ministra. A sequência de eventos e a exposição de sua imagem podem fazer Dilma subir nas pesquisas, reduzindo sua distância de Serra, o que poderia afastar aliados em potencial do tucano.
"Quando se tem 40 e poucos por cento nas pesquisas, isso gera expectativa de poder entre os políticos. Quando vai para 35%, a expectativa é diferente. E com 30% muda de novo. São situações que precisamos ficar atentos", acredita Maia.
Nesta semana, a ministra ocupou a mídia com sua participação, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita a cidades do Rio São Francisco. Tanto DEM como o PSDB acham que esses atos representariam uma campanha fora do prazo previsto em lei.
"O governo não vai hesitar em fazer campanha fora de época, como fez ontem. Esse é outro problema que precisamos levar em conta e que ajuda na campanha da ministra", explica Rodrigo Maia.
Outro problema, apontado pela cúpula do partido, é a possibilidade haver desmobilização regional da campanha da oposição. "Há dois patamares: por cima do mar e embaixo do mar. Por cima, tanto faz definir ou não. Por baixo do mar, correntes são mais importantes. A pré-campanha deveria estar quente, mas está fria, quase gelada", compara o ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia (DEM), pai do presidente do partido.
"O problema é que embaixo do mar as costuras regionais precisam ser feitas com alguém credenciado. De outra forma pode-se criar situações irreversíveis prejudiciais à campanha. Lembro que o que diferencia Serra ou Aécio de Dilma é a capilaridade das candidaturas regionais e o tempo de TV. A capilaridade não deve ser um processo espontâneo, pois o risco é grande num país continental e com partidos inorgânicos", argumenta o ex-prefeito.
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