Em crise crônica na segurança pública, o governo do Rio de Janeiro reteve neste ano 80% das verbas para novos investimentos na área.
Enquanto a manutenção de carros da polícia e a reposição de materiais de consumo têm uma boa execução orçamentária, o trabalho de investigação e inteligência não recebeu quase nada do previsto até agora.
O Orçamento da segurança é de R$ 4,2 bilhões: 11,6% da verba é destinada a novos investimentos e o restante se refere a gastos correntes e com pessoal.
De acordo com dados do sistema informatizado de gastos do Estado, compilados pelo gabinete do deputado estadual Luiz Paulo Corrêa (PSDB), somente 20% do dinheiro reservado para investimentos foi executado neste ano.
Não houve gastos em "informação e inteligência" neste ano, apontam os dados. As áreas de "desenvolvimento de pesquisa e análise criminal", "sistema de integração e análise de dados" e "melhoria da qualidade na segurança pública" também ficaram sem nada.
O programa "Modernização e Aparelhamento da Delegacia Legal", cujo objetivo é informatizar delegacias para agilizar a troca de dados, recebeu 1,7% dos R$ 71 milhões previstos.
A Polícia Civil, responsável pela investigação criminal, teve reservados R$ 3 milhões para investir no sistema de investigação, mas só 1% foi utilizado.
No Estado, o número de inquéritos concluídos com autoria relatada não passa de 15%, de acordo com estudo realizado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Em Brasília são 70%.
O programa que mais recebeu dinheiro até agora é o de gestão da frota dos carros de polícia: 71% dos R$ 26,2 milhões previstos foram gastos.
A administração Sérgio Cabral Filho (PMDB) implementou um sistema de compra de carros e terceirizou a manutenção, medida elogiada por policiais, pois melhorou o estado geral dos veículos.
Na avaliação de Alba Zaluar, antropóloga e coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Violências da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), o governo privilegia investimento em carros e outros equipamentos por visibilidade.
"[Investir em carro] Dá aparência de segurança, com mais armas. Investigação não dá, mas é mais efetiva", disse a pesquisadora.Folha
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