As retomadas do crescimento econômico e a da confiança do brasileiro devem fazer com que dezembro seja o mês de menor desemprego desde março de 2002, roubando o recorde que até então pertencia ao último mês de 2008. Não só o Papai Noel deverá sorrir mais neste fim de ano, como também os trabalhadores. Com a indústria recuperando o fôlego e com o varejo apostando todas as suas fichas em um Natal gordo, acredita-se que também haja incremento na oferta de trabalho temporário e também de emprego formal.
Foi o que aconteceu a Jhonatan Gonzaga Ribeiro, 18 anos. Faz dois anos que ele não sabe o que é desemprego. Assim como também não sabia o que era ter a carteira de trabalho assinada. “Já trabalhei de tudo um pouco, de pedreiro a ajudante de entrega em uma empresa de instalação de lâmpadas. Mas nunca tinha sido fichado. Esta é a primeira vez”, relatou o recém-contratado estoquista em uma loja de decorações. Como mora sozinho com a esposa, de 19 anos, Ribeiro conta que o emprego novo dá chances de sonhar em fazer uma faculdade. E de realizar seu sonho, que é o de passar em um concurso público. “Como é um emprego certo, tenho horários e até consigo chegar no colégio a tempo de não perder a aula. Porque para mim isso é muito importante”, diz ele, que cursa o 3º ano do ensino médio.
Assim como Jhonatan, mais pessoas conseguiram emprego recentemente. Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dão conta de que, em setembro, 76 mil pessoas deixaram a condição de desocupados. Contra agosto, o indicador registrou alta de 0,4%. Ante setembro do ano passado, houve recuperação de 0,6% no indicador, indicando que 121 mil pessoas passaram a ter um trabalho e um rendimento. “O Brasil já saiu do período de crise e há grandes expectativas de o emprego continuar crescendo nos próximos meses”, explica o professor Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios.
Os bons números acerca da evolução do mercado de trabalho também surpreenderam o mercado, que acabou tendo de rever suas estimativas após a divulgação, ontem, do menor desemprego para meses de setembro desde o início da série histórica pesquisada pelo IBGE. A desocupação de 7,7% da população com idade e disposição para o trabalho acabou vindo abaixo do que esperava a maior parte dos economistas. Para os próximos meses, eles esperam que o indicador venha um pouco mais alto do que o de setembro, mas ainda assim abaixo dos números apresentados nos últimos meses, quando o desemprego chegou a bater em 9%.
Otimismo
A análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) é de que “o mercado de trabalho brasileiro entrou, neste terceiro trimestre do ano, em uma trajetória de recuperação consistente”. Em linha com o pensamento vai a análise do IBGE, que avaliou com otimismo os dados de setembro, e os relacionou à retomada da economia. “Se a expectativa é de um crescimento sustentável, quer dizer que o emprego também reage. Tudo depende da dinâmica (do crescimento)”, relaciona a economista Adriana Beringuy, do IBGE.
André Lóes, economista-chefe do Banco HSBC, acredita que o mercado de trabalho deverá entrar nos próximos meses e anos em um patamar nunca antes visto no Brasil. E que a tendência é que o empregador passará a conviver com situações até então pensadas em um país em desenvolvimento, como o preço da mão de obra, que deverá acompanhar o bom momento e fazer com que os salários pagos aos trabalhadores sejam de primeiro mundo.
1,1 milhão de novos empregos
O Brasil deve criar 1,1 milhão de empregos, até o fim do ano, e cerca de 2 milhões de postos de trabalho em 2010. A previsão é do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi. Segundo ele, essa era a previsão, mesmo no auge da crise financeira internacional, no fim do ano passado. Lupi disse, durante o programa Bom Dia, Ministro, que o Brasil é o país que melhor se recuperou dos efeitos da crise mundial e deve registrar em 2010 o melhor ano da sua economia. Os resultados foram possíveis porque o governo tomou medidas pontuais.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado neste mês registrou a geração 252 mil empregos diretos em setembro, computando 934 mil vagas criadas nos nove meses de 2009. O Caged considera empregos com carteira assinada e não utiliza o sistema de PEA(1), como o IBGE.
Estímulo
Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que devem atingir valor entre R$ 120 bilhões e 130 bilhões este ano, têm sido importante estímulo para a criação de empregos. No ano passado, a instituição liberou R$ 90,8 bilhões.
1 - Disposição
A População Economicamente Ativa (PEA) reflete o contingente de pessoas com 10 anos ou mais que estão dispostas a trabalhar. É um indicador da Pesquisa Mensal de Emprego, que é produzida em seis capitais brasileiras. Em setembro, a PEA variou positivamente em 0,6% ante igual mês do ano passado, o que quer dizer que praticamente o mesmo número de pessoas se disseram dispostas ao trabalho na semana em que o IBGE realizou a pesquisa.Correio
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