sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Comércio rumo ao paraíso;Vendas do varejo no país têm 4ª alta seguida, inadimplência cai e juros despencam

O comércio varejista brasileiro vive sua melhor fase em 2009. Registrou a quarta alta seguida em volume de vendas, com crescimento de 0,7% na comparação entre agosto e julho, e em receita nominal, com incremento de 0,8% em igual período. O bom momento é puxado pelo consumo, que tem como incentivo a melhora da renda do trabalhador, a expansão do emprego, a ampliação dos prazos de pagamento, a queda na inadimplência e a menor taxa média de juros desde 1995 (leia ao lado). Para entidades representativas do setor, os indicadores positivos são motivo de euforia e projetam para breve uma saída definitiva da crise financeira global.

Segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas entre agosto de 2008 e de 2009 está com saldo positivo, registrou uma alta de 4,7%. A receita nominal, na mesma base de comparação, obteve um incremento de 9,6%, números que foram comemorados pelos varejistas, mas que ainda são vistos com cautela pelos pesquisadores. "Podemos dizer que o varejo sofreu menos que a indústria nesta crise, mas a recuperação ainda não é plena. Os segmentos mais sensíveis ao crédito, como os de bens duráveis, ainda sofrem", avaliou o responsável pela pesquisa, o economista do IBGE Nilo Lopes.

Entidades representativas do setor admitem que a recuperação ainda não é total, mas a perspectiva delas é de que, em breve, o comércio volte a registrar índices semelhantes aos de 2008. "No ano passado, tivemos o Natal da crise. Neste ano, será o da recuperação", afirmou o presidente do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), Roberto Alfeu Pena Gomes. "O consumidor é a chave do sucesso. Quanto mais empregos e menos juros, mais as pessoas vão comprar", disse Gomes, ao celebrar o bom desempenho dos indicadores econômicos e a queda da inadimplência em setembro, que recuou 5,88% frente o mês anterior.

As boas perspectivas dos varejistas são embasadas nos números do Ministério do Trabalho, que registrou recorde de empregos em setembro (252,6 mil) e na queda da taxa média de juros. "Esses indicadores são importantes para o setor. O desempenho do comércio também está em boa trajetória, mas será que eles terão folêgo para obter o crescimento do pré-crise?", questionou Lopes. Ele lembrou que em 2008 o varejo crescia a taxas de dois dígitos.

Segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio, para consolidar a recuperação dos lojistas, faltam ainda os segmentos de material de construção e vestuário saírem do vermelho. No acumulado do ano, o primeiro amargou recuo de 5,8% no volume de vendas e o segundo registrou uma queda de 4,9%. Para analistas, as duas áreas são as mais sensíveis ao crédito e à confiança do consumidor na economia, o que retardaria a recuperação total.

O número

-5,88%

Variação da inadimplência em setembro, na comparação com o mês de agosto

Redução histórica

As taxas médias de juros no Brasil atingiram, em setembro, o menor nível desde 1995, inicío da série histórica elaborada pela Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). O índice recuou 0,07 ponto percentual na taxa mensal, a oitava queda seguida no ano. De seis modalidadses de crédito analisadas, cinco ficaram menores no mês passado, na comparação com agosto. Apenas o cartão de crédito permaneceu no mesmo nível do mês anterior (juros de 237,93% anuais).

No ano, a taxa média chegou a 125,47%. "Isso já era esperado, independentemente da Selic (taxa básica de juros) cair ou não", disse o economista e vice-presidente da Anefac, Miguel Oliveira. Segundo ele, os recuos não foram motivados somente pelo alívio monetário proporcionado pelo Banco Central. O aumento da concorrência no sistema financeiro também forçou a redução dos juros.

Das modalidades de crédito, as que tiveram as quedas mais expressivas foram os empréstimos pessoais em bancos e em financeiras, um recuo de 0,14 pontos percentuais. Contuto, apesar de o custo do dinheiro ter caído, o consumidor deve ficar atento. "Não se justifica taxas tão altas, já que a inadimplência está em queda", ressaltou Roberto Alferu Pena Gomes, presidente do SPC Brasil. Correio

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