sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A caravana passa e a oposição late



A noite dormida num canteiro de obras do sertão pernambucano, entre os municípios de Custódia e Sertânia, deixou o Presidente Lula de língua afiada. Depois de tirar um "cochilo" de quase cinco horas no mesmo lugar onde pernoitam operários do lote 11 da transposição do Rio São Francisco, Lula amanheceu disposto a responder críticas dos rivais. Rotulou o presidenciável José Serra (PSDB) de antinordestino e disse que o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) devia ter medo de vaias.

Lula praticamente não dormiu, mesmo depois de jornada de quase 14 horas de andanças, em visitas a três estados cortados pelo rio - além de Pernambuco, Minas Gerais e Bahia. Até a madrugada de ontem, ele permaneceu num restaurante preparado no "acampamento", ao lado da comitiva de ministros e governadores, como Dilma Rousseff, Eduardo Campos (PSB) e o deputado federal Ciro Gomes (PSB).

Antes de subir ao palanque, a declaração mais contundente se referiu a Serra, que o criticou por não ter feito projetos de irrigação para a região nos últimos sete anos. "Eu não sabia que o Serra tinha preocupação com o Nordeste. Estou até pensando em convidá-lo para participar de umas viagens dessas para ele saber o que está acontecendo com o Nordeste", disparou.

Ao ser informado da ironia de Lula, Serra não perdeu tempo. "Se o que eu disse ajudar a ter um metro a mais de irrigação no sertão, vou ficar feliz", reagiu.

 Lula aproveitou para alfinetar o senador Jarbas Vasconcelos: "Eu lembro, Eduardo (Campos), que um dia eu passei em Afogados da Ingazeira e visitei uma casa onde as meninas não iam para a escola porque não tinham água para lavar roupa. O governador era outro, que eu até chamava para as visitas comigo, mas ele não ia porque não queria ou porque tinha medo de levar vaia do povo".

Diante da plateia popular, Lula ficou próximo a Dilma. A ministra estava sorridente, mas, nem ela nem Ciro falaram no palanque.

Candidato único

Em outro momento da visita, Lula enfatizou que gostaria de uma união de sua base em torno de candidatura única. "Gostaria que tivéssemos uma eleição plebiscitária, pão pão, queijo queijo", resumiu.

Pré-candidato do PSDB à Presidência, o governador Aécio Neves (PSDB) avaliou ontem que o desejo do presidente Lula foi atropelado. "Isso começou a se modificar com o surgimento da candidatura da ministra e senadora Marina Silva (PV), e agora com os números de pesquisa que estimulam o Ciro."

O governador mineiro, no entanto, negou que tenha havido clima tenso no encontro com Lula, no aeroporto de Pirapora, anteontem. Aécio não esteve no palanque em Buritizeiro, cidade administrada pelo PT que fica do outro lado do rio, preferindo esperar o presidente no aeroporto, na companhia do prefeito de Pirapora, Warmillon Braga (DEM), que protestava contra o cancelamento, na última hora, da visita do presidente. "O clima foi de amizade permanente. De fora, muita coisa parece o que não é", disse Aécio.

Desconfiança na Câmara

Em requerimento que será apresentado à mesa da Câmara na próxima semana, o PSDB vai pedir à Casa Civil informações sobre os custos da viagem do presidente Lula ao sertão e inquirir se havia previsão orçamentária para o "tour". Para o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a viagem é "escandalosa", "espalhafatosa" e comprovaria uma intenção eleitoral, uma vez que Lula está acompanhado pela ministra Dilma e pelo deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), ambos pré-candidatos à Presidência da República.

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