Defensor no G-20 da manutenção por mais tempo das políticas de estímulo anticrise, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz que o governo não esgotou o arsenal de medidas e promete reduzir ainda mais as taxas de juros para as empresas que quiserem investir. Passado um ano da fase aguda da crise financeira, Mantega calcula um gasto de cerca de R$ 40 bilhões neste ano com o programa de estímulo à economia. "Foi barato", afirma. Ele não descarta a possibilidade de prorrogação das isenções do IPI. "Desoneração é algo que não se fala. Se você pensa em fazer, você não deve dizer." O ministro quer manter a pressão sobre o G-20 para fortalecer a regulação dos mercados e impedir que prevaleça a posição dos bancos. "As grandes instituições financeiras não querem regulação."
Como, na sua visão, a crise afetou o Brasil?
A crise foi provocada por uma bolha no setor financeiro e imobiliário americano. Emprestava-se para quem não podia tomar emprestado e estimulava-se um consumo exagerado nos EUA. Houve uma paralisação do crédito internacional e disso ninguém escapa. Alguns ficaram metidos na crise até o pescoço, outros até cintura e o Brasil, até o tornozelo.
Houve irresponsabilidade dos governos?
Houve. Não dos que estão aí, mas dos que liberalizaram em demasia o setor financeiro. (Nos bancos) havia problemas de solvência, mas eles estavam escondendo ativos podres, micados.
O que foi fundamental para o País sair da crise?
O crescimento, o mercado interno forte e uma situação fiscal favorável. Pela primeira vez, não houve fuga de capital.
Um estudo da Unctad diz que o Brasil teve um custo fiscal elevado de 5,6%.
O estudo está equivocado. Devemos gastar até o fim do ano entre 1% a 1,5% do PIB. Nosso custo foi baixíssimo, entre R$ 30 bilhões a R$ 40 bilhões. Foi barato e eficiente. A China vai gastar uma fortuna de 13% do PIB. Os EUA vão gastar 5,6% do PIB. O México 4,7%, a Argentina, 3,9%.
Qual foi o momento mais difícil?
Quando os grandes bancos internacionais começaram a quebrar. Em outubro, a reunião do FMI parecia um velório.
Temeu por uma corrida bancária?
Não. O nosso sistema financeiro estava sólido, mas houve saques em bancos pequenos e médios. Estimulamos a compra de carteiras, mas nunca chegamos a estimular a compra de bancos.
A participação de empresas brasileiras em derivativos cambiais surpreendeu?
Não tínhamos conhecimento das operações de balcão. Apesar de termos um sistema financeiro e de mercado futuro bastante regulados, essas operações não eram conhecidas.A liquidação dessas operações chegou a cerca de US$ 40 bilhões. Foram três grandes operações.
Alguns países não estão convencidos da necessidade de regulação dos mercados.
Em princípio, todo mundo aceita. As grandes instituições financeiras não querem a regulação, querem ficar livres para fazer o que quiserem. Temos de continuar com a pressão no G-20.
Quando o sr. percebeu que a crise estava passando no Brasil?
Quando começaram os efeitos da redução do IPI de automóveis e a liberação de crédito para bancos e montadoras venderem os carros. O nosso fundo do poço foi bem mais raso do que os dos outros. Na virada do semestre, a crise estava superada no Brasil. A economia saiu do vermelho e está no azul.
Não vai ter um efeito rebote da crise internacional?
Poderá acontecer, se as políticas de estímulo forem abandonadas pelos governos. Esse desmonte é prematuro. A economia mundial não está sólida.
O governo vai manter o incentivo com IPI?
Os incentivos têm regras estabelecidas. Não serão mudadas. O que não quer dizer que o governo não possa tomar outras medidas, como a redução das taxas de juros para investimentos.
O sr. está fechando as portas para uma prorrogação do IPI?
Desoneração é algo que não se fala. Se você pensa em fazer, você não deve dizer. Neste momento, estou satisfeito com os programas e prazos em vigor. O governo vai continuar fazendo uma política anticíclica, mas com modalidades diferentes. Do ponto de vista tributário, não temos mais muito espaço. São medidas de caráter financeiro, como oferecer crédito mais barato. Não esgotamos o arsenal.
O País está em situação confortável para fazer um superávit maior em 2010?
Não digo confortável. Sentar nesta cadeira nunca é confortável. Sempre se depara com desafios e problemas a resolver. Vamos ter de conter gastos e frustrar alguns ministérios.
Em ano de eleição?
Nós aqui não nos pautamos pelo ano eleitoral. Uma bandeira eleitoral excelente é entregar o governo com as contas públicas equilibradas. E eu sou o responsável.
Como o sr. vai fazer a transição para um superávit maior?
Em 2006, as pessoas diziam que eu não conseguiria cumprir as metas fiscais. Cumpri com folga. Agora, os analistas descrentes vão cair do burro novamente. Não tenho nenhum preconceito contra os pobres dos burros.
Como, na sua visão, a crise afetou o Brasil?
A crise foi provocada por uma bolha no setor financeiro e imobiliário americano. Emprestava-se para quem não podia tomar emprestado e estimulava-se um consumo exagerado nos EUA. Houve uma paralisação do crédito internacional e disso ninguém escapa. Alguns ficaram metidos na crise até o pescoço, outros até cintura e o Brasil, até o tornozelo.
Houve irresponsabilidade dos governos?
Houve. Não dos que estão aí, mas dos que liberalizaram em demasia o setor financeiro. (Nos bancos) havia problemas de solvência, mas eles estavam escondendo ativos podres, micados.
O que foi fundamental para o País sair da crise?
O crescimento, o mercado interno forte e uma situação fiscal favorável. Pela primeira vez, não houve fuga de capital.
Um estudo da Unctad diz que o Brasil teve um custo fiscal elevado de 5,6%.
O estudo está equivocado. Devemos gastar até o fim do ano entre 1% a 1,5% do PIB. Nosso custo foi baixíssimo, entre R$ 30 bilhões a R$ 40 bilhões. Foi barato e eficiente. A China vai gastar uma fortuna de 13% do PIB. Os EUA vão gastar 5,6% do PIB. O México 4,7%, a Argentina, 3,9%.
Qual foi o momento mais difícil?
Quando os grandes bancos internacionais começaram a quebrar. Em outubro, a reunião do FMI parecia um velório.
Temeu por uma corrida bancária?
Não. O nosso sistema financeiro estava sólido, mas houve saques em bancos pequenos e médios. Estimulamos a compra de carteiras, mas nunca chegamos a estimular a compra de bancos.
A participação de empresas brasileiras em derivativos cambiais surpreendeu?
Não tínhamos conhecimento das operações de balcão. Apesar de termos um sistema financeiro e de mercado futuro bastante regulados, essas operações não eram conhecidas.A liquidação dessas operações chegou a cerca de US$ 40 bilhões. Foram três grandes operações.
Alguns países não estão convencidos da necessidade de regulação dos mercados.
Em princípio, todo mundo aceita. As grandes instituições financeiras não querem a regulação, querem ficar livres para fazer o que quiserem. Temos de continuar com a pressão no G-20.
Quando o sr. percebeu que a crise estava passando no Brasil?
Quando começaram os efeitos da redução do IPI de automóveis e a liberação de crédito para bancos e montadoras venderem os carros. O nosso fundo do poço foi bem mais raso do que os dos outros. Na virada do semestre, a crise estava superada no Brasil. A economia saiu do vermelho e está no azul.
Não vai ter um efeito rebote da crise internacional?
Poderá acontecer, se as políticas de estímulo forem abandonadas pelos governos. Esse desmonte é prematuro. A economia mundial não está sólida.
O governo vai manter o incentivo com IPI?
Os incentivos têm regras estabelecidas. Não serão mudadas. O que não quer dizer que o governo não possa tomar outras medidas, como a redução das taxas de juros para investimentos.
O sr. está fechando as portas para uma prorrogação do IPI?
Desoneração é algo que não se fala. Se você pensa em fazer, você não deve dizer. Neste momento, estou satisfeito com os programas e prazos em vigor. O governo vai continuar fazendo uma política anticíclica, mas com modalidades diferentes. Do ponto de vista tributário, não temos mais muito espaço. São medidas de caráter financeiro, como oferecer crédito mais barato. Não esgotamos o arsenal.
O País está em situação confortável para fazer um superávit maior em 2010?
Não digo confortável. Sentar nesta cadeira nunca é confortável. Sempre se depara com desafios e problemas a resolver. Vamos ter de conter gastos e frustrar alguns ministérios.
Em ano de eleição?
Nós aqui não nos pautamos pelo ano eleitoral. Uma bandeira eleitoral excelente é entregar o governo com as contas públicas equilibradas. E eu sou o responsável.
Como o sr. vai fazer a transição para um superávit maior?
Em 2006, as pessoas diziam que eu não conseguiria cumprir as metas fiscais. Cumpri com folga. Agora, os analistas descrentes vão cair do burro novamente. Não tenho nenhum preconceito contra os pobres dos burros.
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